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]]>O post Teatro Hoje começa a inclusão pelo Espírito Santo apareceu primeiro em Teatro Hoje.
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]]>Era uma carta de princípios que iríamos honrar até a morte.
Aqui, cabe uma explicação necessária: com a falência do JB e a retirada dos tijolinhos do Globo na sexta-feira, as produções e os espectadores tinham ficado sem pai nem mãe. Ninguém mais sabia onde procurar com certeza a qual teatro ir para assistir as peças no fim de semana. Houve uma gritaria geral. Precisavam de uma bússola cultural. Urgia tomar uma atitude. Tomamos.
Depois de resolvidos alguns problemas técnicos, juntamos uma galera azeitada de colaboradores e consultores e montamos a Redação TH. O site teria um pouco de tudo: matérias especiais, entrevistas, perfis de dramaturgos clássicos e um carrossel de peças em cartaz, com fotos coloridas e todas as informações necessárias para que o público sedento pudesse escolher qual lhe agradava mais.
Teatro Hoje estreou em julho daquele mesmo ano. Não tínhamos dúvida alguma do sucesso, pois era o único site que abrangia o universo inteiro da programação carioca. Maria Alice ficou com a incumbência de alimentar o carrossel de peças, Peter Boos na direção geral e alimentação, junto com Furio Lonza como editor na Editoria Teatro Hoje, acumulando também a função de crítico, e ficando a editoração e a produção a cargo da Beepecriaoc Arte.
Um conselho consultivo de primeira: Emílio de Mello, Margareth Galvão, Miguel Vellinho e Xando Graça, que dariam palpites e sugestões quanto ao teor das publicações.
Ao longo do processo, Alessandra Vannucci fez o perfil de Goldoni, Adriana Maia os de Shakespeare e Matéi Visniec, Avelino Alves o de Tennessee Williams e Furio ficou com a responsabilidade de esmiuçar as carreiras dramatúrgicas de Plínio Marcos, Tom Stoppard e Ibsen. Leonardo Netto escreveu um artigo maravilhoso sobre as peças clássicas com tema gay e Alessandro Brandão falou sobre a transgeneralidade no teatro. Alina Lira colaborou em um artigo sobre a Lei de Incentivo à Cultura. A seção Estante avaliou livros sobre a área. O leitor teve acesso a um site que falava tudo sobre teatro, levantava polêmicas, criticava, elogiava, com muitas notícias, entrevistas com diretores, atores e tudo que um aficionado tinha direito, além da demanda reprimida de informações sobre as peças.
Mesmo assim, fomos precavidos em relação ao retorno, pois um projeto desses leva tempo para vingar. O Google Analytics indicava no início da pandemia, em 2020, por volta de 4.500 acessos mensais, no que a interrupção da programação teatral por conta da pandemia da Covid-19 levou a quase 0, e, hoje, após passarmos a cobrir também as lives de teatro, chegando a uma média de 70 visitações diárias.
Enquanto a revista cresceu e passou a cobrir mais aspectos do estudo das artes cênicas, se tornando a única publicação do país a trazer toda a programação teatral de uma cidade, a participação da comunidade artística na publicação, mesmo com as brilhantes contribuições conquistadas, ficou limitada, pois foi difícil garantir o pagamento a mais colaboradores textuais. A pergunta que ocorreu foi a seguinte: como alcançar os parceiros que tenham interesse em aproveitar os espaços visitados para veicular anúncios de seus produtos e serviços enquanto facilitam o encontro de artistas e público, que vociferavam aos quatro ventos pela falta de espaços para a repercussão das informações e ganharam tal espaço, mas, dado o tom da política nacional nos últimos anos, correm o sério risco de perder?
Em março de 2020, aconteceu o que nem Nostradamus tinha previsto: veio a pandemia, o distanciamento, a incerteza, as precauções, a higiene, a falta de vacinas e por consequência o fechamento das salas de espetáculo. Mas nem isso arrefeceu nosso ímpeto. Teatro Hoje reciclou-se juntamente com os atores, trazendo as lives e as peças online, abrindo uma nova frente anfíbia entre o teatro e o vídeo.
Repercutimos na seção Notícias as principais resoluções governamentais envolvendo a Lei Aldir Blanc e participamos do edital Cultura Digital, da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (SECULT-ES), da citada lei de 2020, em auxílio emergencial aos trabalhadores da cultura com o projeto Teatro Hoje no ES. A documentação de contratação para a execução do projeto foi assinada mas os recursos ainda não foram liberados.
Nem tudo foi bom, nem tudo foi ruim.
Foram dois anos de trabalho intenso e ininterrupto, mas o aporte financeiro não deu as caras. Seguramos a barra enquanto foi possível sem esmorecer. Tudo o que estava na nossa carta de princípios, de uma forma ou outra, foi cumprido. Mesmo baqueados, não sucumbimos, fomos tocando o barco, sempre remando contra a maré cada vez mais revolta, cada vez mais obscura.
Mas tudo tem um limite. Em virtude da situação bizarra em que se encontram as artes em geral no país, Teatro Hoje fará alguns ajustes editoriais para lidar com o momento. Apesar de já contar com um mapa de seções esmerosamente preparado no final de 2019, aos poucos sendo aberto na revista e a ser divulgado em seu completo espectro no momento mais propício, pois linha guia de todo o trabalho que ainda virá. A publicação colocará em stand by a cobertura de resenhas da programação, que requer um grande esforço da equipe para chegar ao ar. A paralisação durará o tempo que for necessário, provavelmente para voltar com ainda mais força, como fazem os tigres quando recuam alguns passos com o objetivo de dar o bote certeiro em sua presa.
Os editoriais passarão a partir de agora a não serem mais escritos mensalmente, e sim quando a editoria achar relevante que haja um posicionamento institucional.
Nada foi em vão. Aprendemos muito, apanhamos. Nos últimos meses fomos quatro vezes alvo de ataques cibernéticos que levaram nossa publicação a ficar fora do ar por vários dias. Tivemos que enfrentar mais uma vez os percalços da barreira digital. Caímos, nos levantamos e (como naquele samba) sacudimos a poeira e demos a volta por cima. Num dos momentos mais tensos e delicados, até consultamos uma vidente para ver se era possível fazer alguma coisa com sal grosso, mas ela foi enfática: para que um projeto desse porte se torne autossustentável, os anúncios são imprescindíveis. Quem somos nós para duvidar de quem entende do aspecto financeiro de uma instituição, não é mesmo?
Agradecemos a todos os colaboradores e leitores cariocas pela atenção e carinho dispensados. Mas para continuarmos precisamos avançar com mais participação da comunidade. Os artigos e matérias publicados em Teatro Hoje continuarão no ar, mas para garantir a continuidade da produção de conteúdo e a ampliação da redação, com mais detalhes do cotidiano de quem faz arte pelas salas de espetáculos do Brasil, precisamos de colaboradores comerciais. Dispomos nossos espaços para anunciantes e convidamos representantes comerciais interessados em colaborar na prospecção de parceiros e clientes. Botões para doação de recursos para a manutenção de nossos serviços também serão disponibilizados nos próximos dias para facilitar a contribuição de leitores incentivadores.
Após 2 anos desde nossa estreia, pudemos mostrar à comunidade teatral carioca como lemos e o que buscamos destacar nas abordagens cênicas da cidade. Sabemos que muito trabalho ainda está por vir. Com o sinal verde da SECULT-ES poderemos voltar a divulgar a programação em tempo real e contaremos com uma incorporação inédita: um departamento comercial de peso e o Espírito Santo incluído em nossa programação, com peças, espetáculos, depoimentos e entrevistas de atores e atrizes e tudo o que de mais interessante acontece nesse estado vizinho. Será o próximo passo, com a certeza de que outros virão, como a I Conferência Internacional de Tecnologia Beepe T.I., do setor de tecnologia da Beepecriaoc Arte, para garantir a solidificação das bases digitais dos projetos da empresa e o aumento da segurança no tratamento dos dados.
Assim que possível divulgaremos informações sobre a entrega dos certificados Citação Teatro Hoje 2021 e sobre a abertura do Forum Teatro Hoje, nosso espaço de debate com a comunidade teatral, com a promoção de uma agenda de reuniões virtuais de aconselhamento e diálogo com profissionais do setor.
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]]>O post Teatro na TV. Por que não? apareceu primeiro em Teatro Hoje.
]]>As novas gerações podem até se surpreender, mas a verdade é que a nossa TV já foi de vanguarda. Obras de Ibsen, Molière e Tennesse Williams eram frequentemente encenadas e mostradas pelas câmeras para um público que acompanhava essas tramas e tragédias com o maior interesse.
A história começa com o TV de Vanguarda, um programa de televisão quinzenal brasileiro que estreou em 17 de agosto de 1952 e foi transmitido pela TV Tupi durante 15 anos nas noites de domingo, tornando-se uma referência em inovação na televisão brasileira.
Idealizado por Fernando Faro, o programa tinha cerca de duas horas de duração e transmitia adaptações de grandes dramas da dramaturgia e da literatura mundial, como Hamlet e Romeu e Julieta, de Shakespeare, além de nomes como Fiódor Dostoiévski ou Ernest Hemingway.
Inovador, o TV de Vanguarda ousou na linguagem televisiva e investia nas expressões faciais dos atores, caprichando no uso de zoom; também abusou das chamadas “panorâmicas” (travelling) e criou a fórmula de dividir tarefas entre dois diretores, um só na direção geral e outro na parte artística. Dionísio Azevedo e Walter George Durst foram os primeiros a ocupar esses cargos.
Nomes já consagrados na época, como Procópio Ferreira, Bibi Ferreira, Maria Della Costa, Sérgio Britto, Fernando Torres e Fernanda Montenegro contracenavam na TV de Vanguarda com atores iniciantes que acabariam despontando para o sucesso um pouco mais tarde, como Lima Duarte, Laura Cardoso, Flora Geny, Luís Gustavo, Jaime Barcellos, Márcia Real, Yara Lins, Henrique Martins, Cleyde Yáconis, José Parisi, Geórgia Gomide, Maria Fernanda, Vida Alves e o então adolescente Tony Ramos, entre outros.
Não parou por aí. Foi em 1956 que Sérgio Britto idealizou outro teleteatro produzido tanto em S. Paulo quanto no Rio de Janeiro. O Grande Teatro Tupi foi um dos programas mais populares: era exibido às segundas feiras às 22 horas e tinha em seu elenco os grandes artistas do TBC, como Fernanda Montenegro, Nathalia Timberg e Ítalo Rossi. O programa exibia peças de teatro famosas adaptadas para a televisão por Manoel Carlos, sob a direção do próprio Sérgio Britto.
Provavelmente o embrião das telenovelas, O Grande Teatro Tupi, ao longo de seus nove anos de existência, encenou aproximadamente 450 telepeças.
Os mais curiosos podem perguntar qual seria a diferença entre esse programa e as novelas de hoje. A resposta é simples. Como era ao vivo, pois nessa época ainda não se utilizava o videotape, as apresentações assumiam os mesmos atropelos, falhas técnicas, improvisos e até erros que caracterizam uma peça de teatro normal nos palcos. Esse era o espírito: transportar para a telinha o clima das salas de espetáculo, captando o momento único que não se repete nunca.
O elenco do O Grande Teatro tinha um ritual: reunia-se para ensaiar sempre depois das onze horas da noite, quando terminavam as apresentações das peças nos teatros. Ou seja: uma extenuante jornada dupla para os artistas.
Os ensaios eram feitos durante a semana, numa salinha alugada pela emissora, na rua Siqueira Campos, em Copacabana, e somente na segunda-feira passavam as cenas e marcações, juntamente com os câmeras nos estúdios da Tupi. Fernanda Montenegro e Nathália Thimberg passariam a protagonizar todas as telepeças do Grande Teatro e o simples anúncio de seus nomes nos jornais era motivo de audiência garantida.
A revista Radiolândia, que comentava os bastidores do rádio e da televisão, foi uma das primeiras a reconhecer a popularidade que o programa conquistava junto aos telespectadores cariocas e, na edição de 10 de novembro de 1956, publicou a primeira grande reportagem sobre O Grande Teatro Tupi, assinada por Souza Lima. O jornalista apontava como um dos fatores de sucesso do programa a atuação do “conjunto de Sérgio Britto”, referindo-se à sua equipe. Na direção das telepeças revezavam-se Fernando Torres, Sérgio Britto e Flávio Rangel. Os cenários eram assinados por Pernambuco de Oliveira, a direção de TV era de Mário Provenzano e a sonoplastia ficava a cargo de Rúbio Freire.
Ao grupo de atores, foram juntando-se outros, como Cláudio Cavalcanti, Francisco Cuoco e Norma Blum além de inúmeros convidados especiais que fizeram participações inesquecíveis no programa como Glauce Rocha, Sérgio Cardoso, Fábio Sabag, Cacilda Becker, Mário Lago, Tarcísio Meira, Monah Delacy, Gianfrancesco Guarnieri, Glória Menezes, Amir Haddad, Antônio Abujamra, Beatriz Segall, Bibi Ferreira, Dulcina de Moraes, entre outros.
Depois das lives na internet, não seria despropositado que a TV retomasse essas iniciativas, agora contemplando peças de autores contemporâneos que não estão tendo a oportunidade de encená-las nos teatros, cujas salas de espetáculo estão fechadas há mais de um ano.
Seria interessante comprovar se esse duelo entre o teleteatro e as telenovelas teria um vencedor. Um empate já estaria bom. Como as novelas investem cada vez mais em amadores jovens e modelos, é bem provável que o teleteatro aproveitasse os atores mais maduros que estão realmente interessados em encenar tramas de verdade e não a eterna lenga-lenga de procurar o verdadeiro pai, a verdadeira mãe ou o filho legítimo. E o melhor de tudo: uma coisa não excluiria a outra: ambas estariam no ar ao mesmo tempo, possivelmente alimentando-se mutuamente, abrindo mais um canal de atuação e provendo o público de duas formas de arte.
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]]>Há doze meses, já chamávamos o presidente da república de beócio genocida inimigo da arte, da Ciência e de toda a Nação, um supremacista branco que promovia lives com ministros e assessores regadas a generosos copos de leite e era garoto propaganda de medicamentos proibidos pela OMS; sondava a ex-atriz Regina Duarte para substituir Roberto Alvim, que tinha acabado de fazer um discurso de cunho nazista baseado em trechos das falas de Goebbels e foi exonerado; esvaziou a Funarte; colocou Sérgio Camargo como presidente da Fundação Palmares, um racista que, entre outras barbaridades, repudia Zumbi, o símbolo do movimento negro; o Rio de Janeiro elegeu um prefeito que aboliu por decreto todos os editais de financiamento para obras de teatro e ainda deu calote no anterior, elaborado por Eduardo Paes.
Por fim, o coronavírus (que estava apenas em seu segundo mês de Brasil), e que fechou todas as salas de espetáculo, situação que perdura até hoje.
Alguns trechos:
Jamais poderíamos imaginar que o Brasil viveria uma situação pior que nos tempos onde o estado de direito foi abolido do nosso cotidiano por decreto.
Na verdade, a classe de teatro está vivendo sob um AI-5 camuflado que mantém sob rédea curta todas as instituições republicanas, sem contar com o emburrecimento paulatino que transformou 1/3 da população em autênticas máquinas de ódio nazifascistas e as igrejas evangélicas que conseguiram o inimaginável: associar-se às milícias e ao poder mais inescrupuloso em nome de Deus.
Há um ano, o jornal inglês The Economist já tinha batizado o nosso presidente com a alcunha de BolsoNero, piada que ele com toda certeza, por ser ignorante funcional, não entenderia se soubesse ler.
O mais impressionante é que, com apenas poucas modificações, nosso editorial de abril do ano passado continua atualíssimo. Com muitas agravantes, a coisa está bem pior, é verdade, mas o básico é o mesmo: ausência de controle federal da pandemia, o negacionismo científico como mote, logística inexistente, falta de uma estrutura adequada nos hospitais, negligência em relação à reposição de oxigênio e insumos para intubação e a glorificação da cloroquina, um medicamento que não só não tem efeito comprovado contra a covid como pode criar no paciente sequelas para o resto da vida.
Em abril de 2020, a pandemia havia ceifado 2.888 vidas. Hoje, um ano depois, temos mais de 300 mil mortes e acumulamos quatro ministros da saúde, o penúltimo alinhado ao genocídio e o atual não será nenhuma surpresa positiva.
Estes doze meses só não foram completamente perdidos porque os artistas migraram das salas de espetáculo fechadas para a internet, criando uma arte anfíbia entre o vídeo e o teatro. Praticamente em consequência disso, surgiu a Lei Aldir Blanc, não por iniciativa do governo, mas pelas entidades de classe. Ela foi sancionada e aprovada pelo Congresso aos 45 minutos do segundo tempo do ano passado e os frutos já podem ser sentidos tanto em termos de qualidade quanto numéricos. Num dia específico de março passado, por exemplo, os aficionados de teatro puderam escolher entre 90 novos espetáculos online disponibilizados em nosso site.
Só para não fugir à tradição e criar falsas expectativas, nem todos esses projetos foram pagos ainda. Aguardam os trâmites burocráticos chegarem aos finalmente. Isso, também não mudou.
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]]>Portanto, teoricamente, esse tipo de espetáculo à distância poderia estar inserido num novo segmento teatral que faria frente às condições durante e após a pandemia, antes que a vacina possa reverter tudo isso e as peças voltem aos palcos com o público presencial.
Alguns itens, no entanto, precisam ser analisados. A Hora da Estrela estreou no CCBB uma semana antes de as salas terem sido fechadas, criando uma expectativa enorme por sua interrupção; a protagonista Laila Garin foi a festejada atriz de Elis; o nome da autora comemorou em 2020 os cem anos de nascimento; há vinte anos, foi eleita a musa da literatura. Hoje, Clarice Lispector é amada e adorada até por quem nunca leu nada dela. Transformou-se num ícone não exatamente por suas qualidades literárias, mas por uma espécie de modismo estranho que, de tempos em tempos, assola nossa intelectualidade. É a bola da vez. Neste caso, havia demanda de todos os lados que se possa avaliar o fenômeno. Pra fechar, a produção é da superpoderosa Andrea Alves.
O Astronauta teve um pool de financiadores e apoiadores de fazer inveja a qualquer companhia de teatro, que se aglutinaram num tipo de mutirão invejável.
No caso de Romeu e Julieta, bem, é do Grupo Galpão, cuja excelência de produção e atuação só é comparável à sua longevidade. Sempre terá um público cativo sedento de novos espetáculos e performances. Até as peças menos imaginativas dessa companhia têm inúmeros admiradores, que os elogiam da mesma forma.
Na verdade, esses três exemplos, a rigor, não poderiam ainda ser avaliados como demanda propriamente dita, mas como uma continuidade do que sempre ocorreu no teatro: os grandes produtores conseguem tudo o que querem simplesmente por serem considerados grandes; são casos isolados, exatamente como vem acontecendo desde sempre. Uns com muito e outros sem nada. No fundo, o teatro segue didaticamente a velha luta de classes.
Não. É possível que não haja uma demanda verdadeira, mas apenas uma consequência da mesmice que atuou nos bastidores desde que os grandes produtores resolveram se aliar aos banqueiros e instituições para descontarem no imposto de renda, botando grana não exatamente levando em conta a qualidade dos espetáculos, mas apostando no retorno de peças com celebridades ou que tinham um forte apelo comercial.
Ainda estamos longe de verificar se houve ou não uma mudança real no teatro com as lives, pois mimetizam (pelo menos as que deram certo) o que já foi visto nesta área antes da pandemia. O que aconteceu foi a troca das salas pelo monitor do micro.
Resumindo a conversa: novos hábitos, velhos vícios.
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]]>Sempre fiel aos seus parâmetros de ética e isenção, o site não pretende desqualificar os demais espetáculos, mas identificar os que trouxeram ao teatro novidades estilísticas ousadas que fizeram a diferença dentre os demais.
Por outro lado, no intuito de alimentar uma polêmica necessária, Teatro Hoje convidou Manoel Friques, bacharel em Teoria do Teatro e Professor Doutor em Engenharia de Produção da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, para lucubrar sobre a pertinência dos prêmios de Artes Cênicas ao longo da História. O objetivo é claro: refletir sobre a competição entre trabalhadores de teatro. Sua opinião é cínica & cética. Para ele, esse mecanismo de se escolher melhores e piores através de destaques na mídia só reforça um estrelismo decadente do século XIX.
Os destaques indicados, merecedores da Citação Teatro Hoje, representam o resumo de uma garimpagem minuciosa & atenta com base não só nas críticas publicadas desde sua fundação, mas também na opinião dos consultores e colaboradores do site.
Há questionamentos, as opiniões divergem, alguns especialistas dizem que é um ato ultra capitalista no sentido de alimentar um mercado viciado, com os invariáveis nepotismos e jurados fisiológicos que privilegiam espetáculos com orçamentos milionários em detrimento dos trabalhos de companhias médias & pequenas ou produções independentes; outros apenas observam.
Os textos recém publicados buscam fortalecer o debate da editoria da revista com a comunidade artística, objetivando o aprofundamento do debate junto aos trabalhadores ou pesquisadores das artes cênicas, com a abertura da seção Na Academia, trazendo artigos acadêmicos em trecho ou completos com pesquisas sobre teatro.
Encontros do Conselho Consultivo Teatro Hoje têm sido programados com o intuito de garantir a assiduidade das colaborações. A revista agradece aos conselheiros e colaboradores que compareceram no primeiro encontro, no dia 18.12.2019, e espera divulgar a data do próximo em nossa seção de notícias em breve. A presença dos conselheiros e colaboradores contribuiu para a escolha de cada representante nas respectivas categorias da seção de destaques anuais.
Com uma programação intensa na cidade, em que há dias com mais de 100 espetáculos em cartaz, vale se programar para garantir algum bom ingresso.
Portanto, este site não se restringe apenas a repetir e cristalizar um padrão de escolhas, mas também abrir um amplo debate sobre esse tipo de consagração, cuja avaliação não é unânime. Aproveite.
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]]>O post Feliz Natal, apesar de tudo apareceu primeiro em Teatro Hoje.
]]>E um réveillon sem fogos. Afinal, comemorar o que, não é mesmo?
Um ano difícil o de 2020. Pandemia rolando solta numa hipotética segunda onda; militares genocidas espalhados por todas as instâncias do governo; investigações criminais envolvendo senadores, vereadores, deputados golpistas; fake news nas redes sociais; escritório do ódio; falcatruas generalizadas; superfaturamento de respiradores; impeachment de governadores e prefeitos; caixa 2; rachadinhas e assassinatos de candidatos; milícia tomando conta de ¾ do Rio de Janeiro; vacinas ideologizadas por terraplanistas desvairados.
Com as salas de espetáculo fechadas há oito meses, o teatro (como na letra daquele famoso samba) agonizou, mas não morreu.
Apesar de tudo isso, o site Teatro Hoje se manteve ativo e acompanhou todas as lives e eventos que rolaram desde então, dando em tempo real informações pertinentes aos aficionados saudosos do entretenimento desta nobre arte que varou os séculos e não se intimidou nem durante as catástrofes que assolaram os países e o planeta como um todo.
Mas houve um lado positivo nessa parada: as pessoas que frequentam nosso site podem ver espetáculos de todo o Brasil e não só do Rio. Os Satyros e o Grupo Tapa, ambos de São Paulo, estão com muitas peças em cartaz nas plataformas de streaming, o Galpão, de Minas, além do acesso à programação Em Casa com Sesc, do Sesc São Paulo, que transmite espetáculos de teatro quatro vezes por semana e de dança duas vezes por semana.
Ou seja: Teatro Hoje deixou de ser regional, federalizou-se.
Dramaturgos, diretores, atores e técnicos se mantiveram atentos, tentando a duas penas brigar por subsídios que pudessem minimizar a escassez de recursos. A Lei Aldir Blanc foi conseguida e sancionada a fórceps, mas os resultados (por conta de pegadinhas federais) ainda são um enigma a ser destrinchado por advogados que lutam para reverter esse imbróglio.
O que esperar de 2021? Conseguirão os futuros prefeitos das maiores cidades do país restabelecer o esquema de editais que, mesmo com falhas, fraudes e alguns jurados suspeitos, tinham objetivos claros de financiar obras de arte?
Será possível refrear alguns grandes produtores que, antes da pandemia, abriam várias empresas e inventavam rubricas falsas para se apropriarem de mais de 60% dos investimentos, distribuindo migalhas para os artistas? Muitos já estão sendo acionados juridicamente pelo ministério público e seus bens foram bloqueados, mas ainda é pouco.
Em virtude dos maus exemplos provenientes dos altos escalões, o que há é uma crise de princípios e valores, que se espalhou por boa parte da sociedade.
Será utopia imaginar que os investidores possam repensar onde e como inocular suas aplicações levando em conta única e exclusivamente a qualidade dos espetáculos e não apenas para descontarem no imposto de renda?
Estarão as grandes corporações aptas a visualizar um mundo novo e uma maneira diferente de gerenciar seus lucros sem que a arte e as pessoas sejam penalizadas por isso? Não vamos falar dos bancos, pois estes são um caso perdido.
A única esperança de o teatro voltar sem riscos está na vacina, tendo em vista que algumas iniciativas de montar espetáculos com a presença de público naufragaram, mesmo seguindo os protocolos de distanciamento e demais regras.
Então, um feliz Natal a todos, apesar de tudo.
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