Anualmente, Teatro Hoje indica as melhores e mais significativas peças, reverenciando a dedicação que cada ator, atriz, diretor, dramaturgo, cenógrafo e iluminador imprimiram às suas obras no palco.

Em março do ano passado, Teatro Hoje escolheu as melhores peças do ano anterior, com o objetivo de estimular os atores, companhias de teatro e produtores que montaram espetáculos especiais ao longo do segundo semestre de 2019, uyma vez que o site começou em junho.

Em virtude da pandemia, que fechou salas de espetáculo e colocou o teatro numa saia justa a partir de abril, nossa equipe teve apenas os três primeiros meses de 2020 (entre janeiro e março) para qualificar algumas iniciativas que não seriam contempladas se pulássemos a premiação este ano.

No entanto, de abril a dezembro, o teatro virtual tomou conta da cidade e do Brasil. Assistimos montagens inéditas, houve transmissões online, além de lives com vários artistas sobre os mais diversos temas. Em relação a esta época, vamos citar trabalhos importantes e essenciais sob os mais diferentes pontos de vista, ampliando e flexibilizando os parâmetros de avaliação.

Foram várias iniciativas com fins específicos, principalmente para ajudar os artistas e técnicos durante a pandemia, já que quase todos foram privados de suas rendas, outros adoeceram ou ficaram desestimulados e muitos amargaram a perda de entes queridos e familiares. Coro na Quarentena, por exemplo, foi uma iniciativa brilhante, com atrações diárias – lives, entrevistas, performances, conversas – com a renda arrecadada sendo revertida em prol de entidades assistenciais. Nesse sentido, o Teatro Petra Gold foi o primeiro a movimentar-se, colocando o palco em funcionamento para temporadas virtuais com uma pessoa só na plateia.

Uma das vantagens é que pudemos ter acesso ao teatro de outras cidades, Estados e países. De São Paulo, assistimos o repertório do grupo Tapa, as novas peças do Satyros e uma extensa programação de espetáculos produzidos pelo Sesc SP. Vimos várias peças filmadas do Galpão, além de leituras e produções novas. Foram muitas as oportunidades de assistir a peças que jamais teríamos acesso, o que nos leva àquela polêmica: o teatro virtual veio para ficar?

As produções selecionadas e patrocinadas pela Lei Aldir Blanc estão agora se mostrando e mais pra frente faremos um balanço sobre o resultado.

O certo é que o teatro não morreu e sequer ficou parado durante a pandemia.

Ou seja, nas nossas citações de 2020, vamos selecionar os trabalhos importantes dos três primeiros meses e as iniciativas criativas e salvadoras de abril a dezembro.

Quanto ao primeiro grupo (das peças encenadas no primeiro trimestre), TH indica neste número de março alguns trabalhos que ficaram acima da média e se destacaram por suas qualidades artísticas (apesar do número restrito de concorrentes), caso de Auto de João da Cruz,  da Cia. OmondÉ, com direção de Inez Viana e atuações de Junior Dantas, Leonardo Brício e Zé Wendell (no papel título);  A Golondrina, texto do dramaturgo catalão Guillem Clua, com Tania Bondezan e Luciano Andrey, e direção de Gabriel Fontes Paiva; A Esperança na Caixa de Chicletes Ping-Pong, texto e atuação de Clarice Niskier, músicas de Zeca Baleiro e supervisão de direção de Amir Haddad; Riobaldo, com o ator Gilson de Barros e direção de Amir Haddad; Como Todos os Atos Humanos, solo de Fani Feldman a partir de vários textos de diversos autores e direção de Rui Ricardo Diaz;  Ouvi dizer que a vida é boa, texto e direção de João Batista e interpretação de Carol Machado e A Hora e Vez, com interpretação de Rui Ricardo Diaz.

A partir desse espectro de espetáculos, Teatro Hoje indica os melhores em cada categoria, justificando-os segundo critérios de qualidade, mas levando em conta também a utilidade prática e criativa de cada iniciativa para o sensível momento atual.

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.