O chamado de teatro contemporâneo capixaba nasceu com o despontar do século XXI. Entre os grupos que surgiram no início dos anos 2000 e que ainda se encontram em atividade podemos citar: Folgazões, Repertório, Vira-Lata, Circo-Teatro Capixaba, Teatro Urgente, Makuamba, Boyasha, Beta, Iapocô, Rumores e Confraria de Teatro.

Três características principais marcam essa nova fase: a retomada da ideia do teatro de grupo, em oposição às produções individuais, com os coletivos preocupados em desenvolver tanto uma pesquisa de linguagem, quanto em realizarem uma produção continuada; o interesse pela aquisição e manutenção de sedes e a busca por intercâmbios com artistas e grupos de outros estados do país.

Provavelmente, esse intercâmbio de experiências com grupos de fora do Espírito Santo trouxe aos autores e companhias teatrais nativas um florescimento de temas e atitudes. Entre os diversos artistas do teatro nacional que estiveram desenvolvendo trabalhos junto aos grupos capixabas ao longo do período, há nomes como os de Chico Pelúcio (Grupo Galpão/MG); Fernando Yamamoto (Clowns de Shakespeare/ RN); Ricardo Puccetti (Lume Teatro/ SP); Ésio

Magalhães e Tiche Viana (Barracão Teatro/SP); Itaércio Rocha (Grupo Mundaréu/PR); Amir Haddad (Tá na Rua/ RJ); José Walter Albinati (Cia Luna Lunera/MG) e Fabianna de Mello e Souza (Amok Teatro/RJ, entre outros.

Alguns aspectos foram fundamentais para esse novo momento do teatro capixaba. Em primeiro lugar, os artistas teatrais – atores, técnicos e diretores – formados pela Escola de Teatro e Dança FAFI, frente a um mercado de trabalho teatral praticamente inexistente no Estado, começaram a se juntar em grupos a fim de desenvolver suas potencialidades artísticas. Aliado a isso, em 2004 foi criado o Festival Nacional de Teatro Cidade de Vitória, de caráter anual, que possibilitou essa vinda de importantes e tradicionais grupos do teatro nacional ao Espírito Santo.

Em 2008, ocorreu a criação, pela Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (SECULT-ES) de diversos editais voltados para o financiamento direto da cultura capixaba e, portanto, sem ter de passar por conselhos consultivos de empresas privadas, o que quase sempre acontece no caso das Leis de Incentivo à Cultura. Esse novo formato, inédito para os capixabas até então, passou a valorizar uma produção artística mais livre das exigências do mercado. No campo teatral, além de um edital de circulação de espetáculos que permitia que os grupos mantivessem os seus espetáculos em cartaz (algo que até então era muito difícil), também foi criado um edital de residência artística, que possibilitou a muitos grupos capixabas desenvolverem trabalhos junto a grandes referências do teatro nacional, além de um edital de manutenção, incentivando um trabalho de pesquisa continuado.

NOVAS VOZES

Ultimamente, há uma revitalização feminina no teatro capixaba, com várias mulheres assumindo a linha de frente. Entre elas, estão Aidê Malanquini, Alana Diniz, Alessandra Pin Ferraz, Brenda Prim, Kate Parker, Lorena Lima, Meirielle Lemos, Melina Galante, Nieve Matos, Patrícia Eugênio, Priscilla Gomes, Rejane Arruda e Xis Makeda, que se desdobram em atuar, escrever, dirigir, montar simpósios e wokshops, dar aulas, criar oficinas de teatro, pesquisar a consciência negra e os vários movimentos feministas e étnicos que compõem o espectro social da atualidade.

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.