A proximidade geográfica com o Rio de Janeiro, que foi capital do país e ditou o ritmo das tendências culturais no Brasil durante muito tempo junto com São Paulo, o Espírito Santo sempre foi esquecido e até negligenciado quanto aos aspectos culturais.

A verdade é que o Estado sempre foi um grande celeiro de celebridades artísticas. Se continuaram ou não a trabalhar ali, pouco importa, pois elas nasceram no Espírito Santo e disseminaram seu talento pelos quatro cantos do país.

Para não deixar de citar as indiscutíveis honrarias ao rei da música nacional, que é capixaba, nome para quem nasce na região de Grande Vitória, no Espírito Santo, mas que tomou sentido para denominar tudo que nasce no Estado, vale mencionar a estrela Roberto Carlos, de Cachoeiro de Itapemirim. Mesmo não sendo do teatro, é um intérprete celebrado.

Foi no Espírito Santo que nasceram várias atrizes e atores que marcaram a cena brasileira em todos os aspectos artísticos: teatro, cinema, telenovelas e minisséries.

Hugo Possolo, por exemplo, nasceu em Vitória em 1962, é palhaço, ator, autor e diretor brasileiro. Foi um dos fundadores do grupo Parlapatões de comédia, que utiliza técnicas circenses e de teatro de rua em São Paulo.

Entre seus principais trabalhos merecem destaque: Sardanapalo, premiado pela Jornada SESC de Teatro em 1993; Zéròi, Prêmio Estímulo em 1994; U Fabuliô, representante oficial do Brasil na Expo 1998, em Lisboa; Não Escrevi Isto, Prêmio Estímulo e Prêmio Shell de melhor cenografia, em 1998; Farsa Quixotesca, com o grupo Pia Fraus, Prêmio Panamco nas categorias autor e melhor espetáculo e APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) de melhor espetáculo, em 1999; Pantagruel, Prêmio Estímulo em 2001.

Em 1998, recebeu o grande Prêmio da Crítica APCA pela realização do evento Vamos Comer o Piolin. Dedicado à pesquisa das Artes Circenses, foi curador do I Festival Internacional de Circo realizado em Belo Horizonte. De maio de 2004 a maio de 2005, foi Coordenador Nacional de Circo da Funarte, Ministério da Cultura.

Entre seus trabalhos mais recentes, estão os espetáculos infantis O Bricabraque, onde assina a direção e a dramaturgia e Bruxo Pontocom, texto de Mário Viana, assinando a direção. Destaca-se a atuação no solo Prego na Testa, de Eric Bogosian, com direção de Aimar Labaki, indicado ao Prêmio Shell 2005 na categoria de melhor ator.

Stênio Garcia dispensa maiores apresentações. É natural da cidade de Mimoso do Sul, no Espírito Santo. Trabalhou durante décadas no teatro, cinema (Vereda da Salvação e Morte e Vida Severina), minisséries (Carga Pesada) e inúmeras telenovelas.

Em 1971, ganhou o ganhou o Prêmio Molière por sua interpretação em As Aventuras de Peer Gynt, de Ibsen, com produção e direção de Antunes Filho. No elenco, além de Stênio Garcia, estavam Ariclê Perez, Jonas Bloch, Ciro Corrêa de Castro, Ewerton de Castro, Roberto Frota, Ricardo Blat.

Outro que nasceu em Cachoeiro do Itapemirim foi o ator Charles Fricks, que iniciou sua carreira em grupos de teatro amador em sua cidade natal. Depois de morar um ano nos Estados Unidos, voltou ao Brasil e se instalou no Rio de Janeiro, onde deu continuidade aos seus estudos em cursos livres de escolas de teatro.

Em 1993, ingressou na Companhia Atores de Laura, então dirigida por Daniel Herz e Susanna Kruger, onde trabalhou em mais de dez espetáculos e ganhou uma indicação ao Prêmio Shell por sua atuação em As artimanhas de Scapino. Na TV, entre outros trabalhos, participou das microsséries Hoje é dia de Maria – primeira e segunda jornada; e Capitu. No cinema já são 9 longas. Entre eles Nise, Quase Memória, Sem Controle, Chico Xavier e Tropa de Elite 2. Com seu primeiro monólogo (O Filho Eterno, 2011) foi indicado a 4 prêmios de melhor ator e ganhou outros 2 (Prêmio Shell e APTR de melhor ator).

A atriz Darlene Glória nasceu em São José do Calçado, Espírito Santo, em 20 de março de 1940 e começou sua carreira como cantora em uma rádio de Cachoeiro do Itapemirim no final da década de 1950. Tempos depois, foi para o Rio de Janeiro tentar a carreira artística.

Estreou no cinema em 1964 em Um Ramo Para Luíza, mas a consagração veio em 1973 no filme Toda Nudez Será Castigada, em que viveu a prostituta Geni, ao lado de Paulo Porto. O filme ganhou dois Kikitos no Festival de Gramado, inclusive o de melhor atriz, conquistando também o Coruja de Ouro por esse mesmo papel.

A série é grande. André De Biase, Carlos Wilson, Chamon, Chay Suede, Daniel Furlan, Elisa Lucinda, Fernando Torres, Gisele Fraga, Guido Brunini, Higor Campagnaro, Joel Barcelos, Juliano Enrico, Jullie, Luciano Vianna, Marcela Muniz, Márcia Maria, Natália Gadiolli, Navarro Puppin, Patricia Pichamone, Paulo Sérgio, Peter Boos, Renato Prieto.

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.