No ano em que O Tablado completa 70 anos, o teatro tem um motivo especial para festejar: agora, tornou-se Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Rio de Janeiro através do projeto de lei do deputado Noel de Carvalho, aprovado em 4 de novembro, véspera do Dia Nacional da Cultura.

O Teatro Tablado é uma escola brasileira de teatro fundada em 1951, no Rio de Janeiro, pela escritora e dramaturga brasileira Maria Clara Machado e já formou mais de cinco mil profissionais em artes cênicas.

Inicialmente foi uma companhia de teatro amador, com uma pequena estrutura utilizada para seus ensaios, que mais tarde se transformou num grande centro de formação de atores. Foi a companhia que ajudou a modernizar o teatro no Brasil. Apresentava-se para todos os públicos, mas sua especialidade eram peças infantis, em grande parte autoria de sua criadora, que desenvolvia textos e montagens de altíssima qualidade, até hoje encenados, como Pluft, o Fantasminha.

O Tablado formou gerações de atores, como Jacqueline Laurence, Marieta Severo, Hildegard Angel, Nora Esteves e Djenane Machado. Maria Clara Machado gerenciou todas as aulas até sua morte, em 2001.

Depois de uma reforma que durou quase seis meses, o teatro reabriu as portas ao público em 12 de julho de 2008, com a estreia da peça infantil O Dragão Verde, inspirada na história do menino David contra o gigante Golias.

O Tablado é um símbolo de resistência porque conseguiu consolidar-se como uma das marcas da nossa cultura cada vez mais relegada a segundo plano.

Pelo palco do Tablado já passaram grandes atores brasileiros como Malu Mader, Andréa Beltrão, Cláudia Abreu, Miguel Falabella, Enrique Diaz, Louise Cardoso, Marcelo Adnet, Mateus Solano e tantos outros.

Guida Vianna, uma das muitas alunas da casa que se tornaram professoras e atrizes profissionais, explica que a opção de continuar dedicada aos iniciantes foi da própria Maria Clara: “Na virada da década de 70/80 a profissão de ator foi regulamentada e oferecida ao Tablado a possibilidade de virar uma escola oficial. Mas a visionária Maria Clara disse não. Ela tinha razão: recusando a institucionalizar-se, o Tablado tornou-se um celeiro de possibilidades e versatilidades”.

De lá para cá, foram centenas de peças criadas por Maria Clara e seus discípulos e milhares de jovens seduzidos pela paixão da encenação, fosse de espetáculos infantis, um dos carros-chefes da casa, quanto de teatro adulto.

O título chega para a escola no ano do centenário da dramaturga e fundadora do teatro, Maria Clara Machado, a quem a Alerj concedeu a Medalha Tiradentes post mortem, a maior honraria do Estado concedida a pessoas que prestaram relevantes serviços à Humanidade.

 

Maria Alice Silvério é produtora e faz parte da redação de Teatro Hoje.