A atriz Cláudia Mauro tornou-se dramaturga porque a vida passou por ela e deu a dica: escreva! No processo de mudança da casa da mãe, no meio do luto da orfandade, deparou-se com as agendas-diários dela. Pensou na transformação da mãe de mulher com incrível energia vital em idosa claudicante na cadeira de rodas, entre lúcida e esquecida, entre olhar profundo e distante, e inspirou-se. Começou a escrever sobre amizade, baseando-se numa história linda da mãe com um grande amigo. Mandou as primeiras páginas para o pai, que as aprovou entusiasticamente. Na continuidade da escrita, perdeu o pai. Parou. Recomeçou… “(…) e a história de amizade virou uma história para contar tantas outras histórias…”.

Assim nasceu o texto “A vida passou por aqui”, com “histórias de amor, de dor, de perdas e alegrias, histórias de família e de tantos personagens” da vida de Cláudia. A montagem nasceu também da vida, das amizades. Alice Borges, a diretora era amiga de 20 anos e conhecida da família. A intenção era montar uma peça realista e levar o público para dentro do universo poético daquela família. A atriz, claro, é a própria autora e seu partner tinha que ser Édio Nunes, amigo também, que foi levado no desafio de atuar fora da sua zona de conforto – os musicais.

Trata-se de uma viagem a partir dos anos 1970 até hoje, mas não linear. São idas e vindas através de quatro décadas, passeando por todas as mudanças nas vidas dos personagens, valendo-se de pequenas mudanças nos figurinos, acessórios e no trabalho corporal dos atores, com ajuda explícita da trilha sonora, que vai de João Bosco a Martinho da Vila, passando por Bill Halley e seus cometas, com o legendário “Rock around the clock”. O ambiente transita entre passado e presente num cenário que representa uma pequena sala de estar, um escritório e/ou uma mesa de bar.

E assim começou a primeira temporada, como uma peça simples, realista, com apenas dois atores, cenário mínimo e sem grande estardalhaço. De mansinho, passou por mais de dez teatros no estado do Rio de Janeiro, há mais de quatro anos em cartaz, vista por mais de 18 mil pessoas, com estreia de mais uma temporada no Teatro PetraGold.

Contando a história de uma profunda amizade entre uma mulher e um homem de mundos diferentes – uma professora e artista plástica e um contínuo de hábitos simples, inteligente por natureza, “A vida passou por aqui” ganhou o Prêmio APTR 2017 de melhor texto, Cláudia Mauro foi indicada ao Prêmio APTR de melhor atriz, e o Prêmio Cesgranrio indicou o espetáculo nas categorias de melhor texto e melhor atriz.

A ficha técnica e extensa e intensa e traz: no elenco, Cláudia Mauro e Édio Nunes,;o texto de Claudia Mauro; a direção de Alice Borges; o cenário de Nello Marrese; os figurinos de Ana Roque; a iluminação de Paulo Cesar Medeiros; a trilha sonora de Claudio Lins, com pesquisa musical de Patrícia Mauro; a supervisão de movimento de Paula Águas; as coreografias de Édio Nunes; e a realização da Constelar – Arte, Diversão e Cultura.

A reestreia vai acontecer no dia 1º. de agosto, domingo, em apresentações presenciais, com plateia reduzida (apenas 40 espectadores por sessão), e transmissão ao vivo. A temporada, todos os domingos, às 19 horas, segue até 29 de agosto.

 

Teatro PetraGold – Rua Conde de Bernadote, 26, Leblon

Duração do espetáculo: 60 minutos. Classificação etária indicativa: 14 anos.

Ingressos transmissão ao vivo online: a partir de R$ 20,00

Ingressos plateia presencial: R$ 50,00 (inteira) e R$ 25,00 (meia)

O espetáculo com plateia presencial segue as normas de segurança sanitária para a covid-19 e recebe 10% da capacidade da sala.

Ingressos: https://www.sympla.com.br/produtor/TeatroPetraGoldONLINE  ou na bilheteria com até 1h de antecedência para plateia presencial

Maria Alice Silvério é produtora e faz parte da redação de Teatro Hoje.