PINÓQUIO – O MUSICAL DA CIA. PEQUOD

 

A Cia PeQuod Teatro de Animação, em comemoração aos seus 21 anos, realiza seu musical mais complexo, PinóQuio, originalmente criado para o grupo pelo maestro Tim Rescala, sob direção de Miguel Vellinho, que idealizou todo o espetáculo.

A fábula é fiel ao original “As Aventuras de Pinóquio”, do italiano Carlo Collodi: a trama inclui moral, educação e, é claro, o banalizado culto à mentira que contamina a vida no mundo contemporâneo. O boneco de madeira que sonha ser gente passa por um rito na busca de se tornar um menino de corpo e alma de verdade.

Carlo Collodi, pseudônimo de Carlo Lorenzini, iniciou a publicação, em 1881, da trama no Giornale per i Bambini (Jornal para crianças), em capítulos curtos, com o nome de Storia di um Burattino (História de um fantoche), lançando a história como livro em 1883, sob o título Le avventure di Pinochhio (As Aventuras de Pinóquio).

Pinóquio - capa edição italianarosto da edição italianaEdições em várias línguas

 

 

 

 

 

 

 

 

A obra se tornou um clássico da literatura, traduzido em mais de 260 idiomas, para um número ainda maior de países, transformada em espetáculos teatrais, musicais, circenses, filmes e ainda outras formas artísticas.

A versão mais conhecida foi realizada por Walt Disney, em 1940, que conta uma história muito diferente da que foi escrita por Collodi. O filme de Disney foi considerado uma obra prima do cinema de animação, sendo a versão mais conhecida da história de Pinóquio.

Disney

A história original de Pinóquio, e das suas aventuras e desventuras, é muito mais rica. Permite inúmeras leituras por públicos de diferentes idades. É, por si, uma grande aventura entregar-se a este Pinóquio que erra, sofre e se redime para tornar-se gente. A história ultrapassou as fronteiras da Itália e se tornou um patrimônio universal.

Em 2019, Matteo Garrone lançou o filme italiano Pinocchio, dirigido por ele, e estrelado por Roberto Benigni como Geppetto e Federico Ielapi como Pinocchio. O primeiro esboço do roteiro foi escrito quando ele tinha seis anos. A maioria dos personagens do filme foram criados por meio de maquiagem protética. Roberto Begnini já havia participado de um outro filme sobre Pinocchio em 2002. O filme de Garrone foi a maior bilheteria da semana de Natal na Itália. É um dos raros filmes que segue a história original.

Roberto Begnini

No Brasil, existem inúmeras versões do livro, em edições ilustradas, pouquíssimas com o conteúdo da história original e inúmeras adaptações, assim como a participação do personagem em outras histórias, como fez Monteiro Lobato que trouxe o famoso boneco para o Sítio do Picapau Amarelo. A editora Cosac Naify preparou uma edição especial, de 3.500 exemplares, impresso em papel especial, capa dura, com tradução do texto integral de Ivo Barroso, com posfácio de Ítalo Calvino e ilustrações exclusivas de Alex Cerveny.

Cosac Naify

No teatro brasileiro, ocorreu o mesmo fenômeno: muitas e muitas versões de Pinóquio transitaram nos palcos nacionais, com o famoso personagem interpretado por ator ou por boneco animado.

Chegamos, então, à montagem da história de Colodi pela Cia. PeQuod, o PinóQuio, criado por Tim Rescala, idealizado e dirigido por Miguel Vellinho. A linguagem visual é de circo, nos figurinos, cenários e visagismo.

Cia. PeQuod

A atriz Liliane Xavier, uma das mais antigas e talentosas da companhia, interpreta o Pinóquio, encabeçando um enorme elenco de atores e músicos. O espetáculo comemora os 21 anos do PeQuod, 45 anos de carreira e 60 de vida de Tim Rescala. PinóQuio é a segunda parte de uma trilogia da companhia com Tim Rescala, que inclui o premiado A feira de maravilhas do fantástico Barão de Munchhausen (2015) e, para o futuro, uma homenagem a Cyrano de Bergerac. Os criadores estão chamando o trabalho de Trilogia dos Narigudos, já que os três personagens possuem narizes proeminentes.

O idealizador da montagem, Miguel Vellinho, também tem a comemorar 55 anos de vida e 35 de carreira. Ele vê em PinóQuio vários desafios: “É nosso musical de maior complexidade. Já visitamos a performance, a dança e até uma montagem com forte caráter performático, caso de ‘A última aventura é a morte’, de Heiner Müller, estreado em 2018 também no CCBB. Agora, os atores experimentam as artes circenses, cantam e interpretam numa fábula que possui conexões com o que está acontecendo na atualidade, contaminada por algo como um culto à mentira como fonte de poder e controle”.

O espetáculo se passa no Circo Collodi. A atriz e soprano Mona Vilardo conduz a trama, junto com o ator e barítono Santiago Vilalba. Eles fazem os mestres de cerimônia e também outros personagens. O carpinteiro Geppetto, o pai do boneco, é interpretado por Márcio Nascimento; Marise Nogueira é o Grilo Falante, Maria Adélia e João Lucas Romero encarnam a raposa e o gato. Com muitas surpresas em torno do picadeiro, num vaivém frenético, o espetáculo oferece muita diversão e reflexão.

A Cia. PeQuod, consagrada internacionalmente, dedica-se ao teatro de animação e aposta na intersecção de linguagens. A companhia vem aprofundando experiências que tem aproximado o cinema, o teatro, a dança e a cultura pop contemporânea, numa sucessão de sucessos, com especial destaque para O velho da horta (2002), Filme Noir (2004), Peer Gynt (2006), A chegada de Lampião no Inferno (2009), Marina e Marina, a Sereiazinha (2010), Peh Quo Deux (2014), o mencionado Barão de Munchausen (2015), A última aventura é a morte (2018).

cartaz

 

Ficha técnica de PinóQuio

Texto: Carlo Collodi. Idealização e encenação: Miguel Vellinho. Adaptação do texto, música e direção musical: Tim Rescala.

Elenco: Liliane Xavier, Mona Vilardo, Maria Adélia, Marise Nogueira, Marcio Nascimento, João Lucas Romero e Santiago Villalba

Músicos: Tibor Fittel/Lucianne Barbosa Antunes, David Ganc/Rodrigo Revelles  Iluminação: Renato Machado. Desenho de som: Andrea Zeni. Cenografia: Doris Rolemberg. Figurinos: Kika de Medina. Bonecos e adereços: Eduardo Andrade.  Visagista: Mona Magalhães. Preparação corporal e assessoria circense: Bárbara Abi.  Preparação Vocal: Doriana Mendes e Alessandra Quintes. Adereços: Miguel Vellinho,   Lucas Menezes e Gustavo Kaz. Programação visual: Roberta Freitas. Fotos: Renato Mangolin. Assessoria de imprensa: Mônica Riani. Assessoria de mídias sociais:  Rafael Teixeira. Produção executiva: Thiago Guimarães. Coordenação geral: Lilian Bertin. Realização: Cia PeQuod – Teatro de Animação

Serviço

Local: Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) – Teatro III

Rua Primeiro de Março, 66. Centro – RJ | Tel.: 21. 3808-2020

Duração: 100 minutos. Classificação: Livre. Indicado para crianças a partir de 7 anos.

Temporada: de 1 a 23 de dezembro de 2021 e de 05 a 30 de janeiro de 2022.

Sessões: quarta a sexta-feira, às 19 horas / sábado e domingo, às 16 horas.

Ingressos: R$ 30,00 (inteira); R$ 15,00 (meia) na bilheteria do CCBB-RJ, de quarta a segunda-feira, das 9 às 21 horas, ou no eventim, link: https://www.eventim.com.br/eventseries/teatro-pinoquio-3027295/

 

Maria Alice Silvério é produtora e faz parte da redação de Teatro Hoje.