Depois de amargar quatro anos de descaso total em relação à cultura e as artes, enfim, foi empossado Marcus Faustini como novo Secretário Municipal da Cultura do Rio de Janeiro. Seu currículo, para quem não o conhece, promete: é diretor teatral, documentarista e escritor, e trabalha na área desde os anos 1990.

Recebeu prêmio da ABL pela direção de Capitu (1999), adaptação do romance Dom Casmurro, de Machado de Assis. Escreveu o livro Guia Afetivo da Periferia (Ed. Aeroplano, 2009) e, em parceria com Jailson de Souza e Silva e Jorge Luiz Barbosa, o livro O novo carioca (Mórula Editorial, 2012).

Em 2011, criou a metodologia da Agência de Redes para Juventude, com o objetivo de transformar ideias de jovens das favelas cariocas em projetos para impactar suas comunidades, aumentando suas redes e repertórios. Fundou a Escola Livre de Teatro da Zona Oeste, a Escola Livre de Cinema de Nova Iguaçu e a Escola Livre da Palavra na Lapa.

Faustini foi superintendente de Cultura e Sociedade no primeiro mandato de Eduardo Paes na prefeitura.

Sua mobilização em prol da valorização da cultura nas periferias e morros é conhecida. Sua atenção à pasta que ocupa, logo nos primeiros dias, e sua comunicação com a classe mostra uma posição diametralmente oposta aos secretários dos últimos quatro anos.

Em sua primeira entrevista pública, para o jornal O Dia, ele afirma que fará da cultura uma ferramenta para inclusão social, pois a cidade tem vocação para abrir portas para jovens talentos e projetos de periferia.

“É a grande missão transformar a cidade do Rio no grande farol de cultura e inclusão social do país. Toda mãe que vive em periferia sabe o quanto um projeto de cultura é importante na vida de um filho para o desenvolvimento pessoal ou até escolar. Na descoberta de talentos e possibilidades também. A nossa missão principal é voltar a fazer o Rio se tornar a capital cultural onde a cultura funciona como inclusão”.

Na entrevista, Faustini esclarece que vai distribuir o orçamento da cultura de forma mais justa e criteriosa, com oportunidades e recursos para todas as regiões da cidade, “apoiando pequenos projetos, organizações, produtores que queiram colocar a sua arte e sua cultura para desenvolver pessoas e territórios. Isso vai ajudar a desenvolver o mercado da cultura”.

Faustini garante que haverá fomento “para impulsionar o empreendedorismo cultural, pensando no desenvolvimento da economia da cultura e da estética dos espetáculos”.

O secretário afirma que moverá esforços para dar novos rumos aos cinquenta equipamentos culturais da rede municipal, aqueles que foram praticamente abandonados pelo governo Crivella. Faustini pretende reformar os que se encontram deteriorados, mas também torná-los mais úteis à sociedade nos seus entornos, para que não sejam apenas palcos de espetáculos, mas que sirvam como área de lazer e sede para empreendedorismo local.

Um projeto ambicioso, sem dúvida. Resta saber o que será possível realizar com o orçamento destinado a sua pasta, de que maneira será distribuído, se há uma real possibilidade de reabrir as salas de espetáculo do município em curto prazo, como e por quem serão administradas e se haverá verbas para o fomento no sentido de financiar peças de teatro, levando em conta que o secretário da fazenda já deixou claro que o antigo prefeito raspou o fundo do tacho e não existe dinheiro nem para pagar os funcionários públicos da saúde.

Teoricamente, está tudo nos conformes. Em breve saberemos se isso tudo é exequível na prática e qual o orçamento da pasta será destinado ao teatro.

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.