A extenuante pesquisa não foi em vão. Através do documento definitivo de Daniel Schenker, acadêmicos, profissionais da área, curiosos e leitores em geral podem saber o que representou a fundação, desenvolvimento e manutenção do Teatro dos 4 ao longo de seus quinze anos de existência (de 1978 a 1993).

Sérgio Britto, Paulo Mamede, Romina Roveda e José Ribeiro Neto (que caiu fora logo no início, sendo substituído por Dema Marques) firmaram a intenção de viabilizar o projeto num jantar no restaurante Trattoria do Mário, em 1976. Em seguida, encontraram um espaço para sua sede no Shopping da Gávea, onde aliás está até hoje. 

Daí para frente, foi uma sucessão de eventos culturais, com inúmeras encenações, produzidas e dirigidas por profissionais tão heterogêneos quanto Antônio Martinez Corrêa, Nelson Xavier, Helder Costa, Walter Schorlies, Alcione Araújo, Celso Nunes, Paulo Betti, Gerald Thomas, José Wilker e Mauro Rasi, este último autor da peça A Cerimônia do Adeus, justamente um dos trabalhos de maior prestígio da Companhia, cujo título o autor toma emprestado para seu livro.

Com temporadas de (em média) seis meses cada, os primeiros trabalhos do Teatro dos 4, em geral, foram bem recebidos pelo público e pela crítica. A estreia foi com Os Veranistas, de Górki, que foi de 11 de julho de 1978 a 30 de dezembro do mesmo ano, assim como A Ópera do Malandro, de Chico Buarque (julho de 1978 a fevereiro de 1979).

Em ordem cronológica, seguiram-se montagens de autores como Oduvaldo Vianna Filho, R. W. Fassbinder, Millôr Fernandes, Dario Fo, Shakespeare, Tchekhov, Pirandello, Beckett, fechando com a adaptação de Ariane Mnouchkine para o romance Mephisto, de Klaus Mann (1993).

Segundo Tania Brandão, que assina a orelha do livro, o Teatro dos 4 caracterizou-se como um empreendimento que buscava a elevação artística, proclamava a luta em prol da uma forma poética substantiva e o apagamento da ênfase vaidosa, pois abdicava de celebrar personalidades a partir de seu próprio nome, designado por um numeral.

Daniel Schenker é mestre e doutor em Artes Cênicas pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e bacharel em Comunicação Social pela Faculdade da Cidade. É crítico de cinema e colaborador de jornais e revistas.

 

Teatro dos 4 – A Cerimônia do Adeus do Teatro Moderno, de Daniel Schenker, editora 7Letras, 411 págs.