A importância da luz no Teatro

O que seria do teatro sem a luz? Muitas pessoas já disseram que ela é um autêntico personagem na dramaturgia, pois enfatiza qualquer cena imaginada pelo autor. Os diálogos podem mudar de tom desde que iluminados com precisão, reafirmando e verticalizando a emoção, a informação ou a própria conscientização do que se vê em cena.

Foi pensando nisso que Paulo César Medeiros, um dos maiores profissionais do segmento, escreveu o livro A dramaturgia da luz, uma bela edição de mais de 200 páginas, capa dura, todo ilustrado com fotos coloridas e em preto e branco de seus trabalhos.

Tudo começou quando ele, ainda bem jovem, foi assistir a um show da cantora Maria Bethânia. Encantou-se com a presença cênica da luz. A direção e a iluminação envolvente eram de Fauzi Arap. A partir deste insight, Paulinho começou a criar a luz de seus trabalhos ainda como amador até que fez um curso, ainda nos anos 1980, com o iluminador Aurélio de Simoni, considerado um craque na área, e nunca mais parou. Hoje, aos 35 anos de carreira, com uma trajetória recheada de importantes prêmios e espetáculos de alto nível em teatro, dança, shows, musicais e até cinema, Paulo César Medeiros é um dos profissionais mais respeitados e requisitados no panorama cultural brasileiro.

Todos sabem que o texto de uma peça de teatro é apenas o pontapé inicial para um trabalho coletivo. Também se sabe que os atores, o diretor, o coreógrafo, o figurinista e demais profissionais contribuem enormemente no sentido de montar um espetáculo, mas tudo isso estaria incompleto sem a luz, que equaliza e distribui em igual dimensão as ações.

Com apenas um toque fundamental na luz, o ritmo da peça pode saltar dias, semanas ou até anos sem que o público se dê conta; pode modificar as feições e até o caráter de um personagem; pode aproximar ou afastar objetivos que até então estavam colocados de forma aleatória na trama. A luz atua como um personagem, às vezes coadjuvante, às vezes, principal.

Paulo César Medeiros faz isso com um pé nas costas, pois enfronha-se no enredo e tenta tirar dele o que estava oculto, agindo na sensibilidade da plateia de forma simbiótica. Nos espetáculos onde atua, de uma maneira ou outra, ele codirige paralelamente. A presença cênica da luz não é uma figura de linguagem, é um fato.

A dramaturgia da luz

Paulo César Medeiros

205 páginas

Capa dura

Prefácio de Flávio Marinho

Realização Instituto eté

Furio Lonza é um escritor, dramaturgo e jornalista ítalo-brasileiro.