Depoimento do diretor Fernando Philbert
“No último dia de apresentação do espetáculo Parabéns, senhor Presidente, no Teatro dos Grandes Atores, aconteceu um fato incrível, simples, mas que pra mim teve um significado imenso. Quase ao final da peça, faltando cerca de um quarto do espetáculo para acabar, houve um apagão no Shopping, caiu a luz geral.
O teatro ficou 90% às escuras, alguma luz de emergência vazava muito tênue no palco. Eu estava no fundo da plateia. Era no meio de uma cena importante da Juliana Knust. Ela estava em cena com a Cláudia Ohana. Por um instante, eu pensei o que fazer: vou lá na frente dizer pras pessoas esperar a luz voltar.
Nesse instante que eu levantei, a Ohana vira pro público e diz assim: Gente, apagou a luz, mas se vocês nos iluminarem com seus celulares, podemos continuar. E foi o que aconteceu. A plateia acendeu os celulares iluminou o espetáculo. A Juliana continuou e a Ohana entrou na cena. Demorou um pouquinho e a luz voltou. Foi uma metáfora incrível porque o teatro, desde o início desta pandemia, viveu um apagão. E quem iluminou o teatro foi o público, seja assistindo os espetáculos online ou voltando agora ao teatro.
Então é isso: quem ilumina o teatro e ilumina os atores é o público, porque a gente sabe que o teatro acontece no olhar da plateia, no encontro. Então, nada mais que isso: o público ilumina as atrizes e as atrizes continuam o espetáculo. Quem é de teatro, vai entender porque eu estou aqui, porque eu fico aqui lembrando desse momento que dividi com vocês. Foi uma pena eu não ter gravado, mas foi lindo quando a Ohana disse: Se vocês nos iluminarem, a gente pode continuar. Foi um momento inesquecível para cada pessoa que estava na sala, para as atrizes, como vai ser pra mim.”

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.