Festival da Tragédia Brasileira – Com leituras dramáticas de cinco peças de Nelson Rodrigues, mais dois contos quase inéditos publicados na coluna A vida como ela é, no Jornal Última Hora, na década de 1950, a Cia. Repertório Rodriguiana quer difundir a obra de Nelson Rodrigues como vacina contra os vírus da ignorância, da estupidez e ao autoritarismo que nos cercam

A companhia escolheu três peças, com diferentes forças e gêneros, mas representativas do teatro rodriguiano, para leituras encenadas: Perdoa-me por me traíres; Álbum de família; A Serpente e também os contos Obsessão preta e A sogra peluda. Além delas, realiza temporada das leituras dramáticas de Toda Nudez Será Castigada e Viúva, porém honesta,(refeitas excepcionalmente para este momento) com seis apresentações de cada peça. Dois contos quase inéditos ao leitor contemporâneo: A sogra peluda e Obsessão Preta, compõem o festival online dedicado ao dramaturgo.

Complementando a cena rodriguiana, o diretor Marco Antonio Braz traz um convidado por mês para a Psicanálise de Botequim, um bate-papo mensal transmitido pelo canal do YouTube da Cia. A estreia será com o escritor e biógrafo de Nelson Rodrigues, Ruy Castro.

As leituras reúnem em seus elencos atores veteranos e jovens atores, que se revezam nos personagens. Dos veteranos alguns participaram de sua fundação e da primeira montagem de ‘Perdoa-me por me Traíres’ como Flávia Pucci, Patricia Gordo e Sílvio Restiffe, ao qual se juntam a convidados especiais, como Lucélia Santos, Miriam Mehler e Renato Borghi.

A ideia de fazer um Festival da Tragédia por mais que pareça contraditório ao unir na sua expressão a festa e a tragédia teve como referência os festivais de teatro da antiga Grécia, quando a sociedade se unia para assistir de comédias a tragédias e, com isso, mergulhar em uma consciência dos seus conflitos mais profundos.

Em decorrência da pandemia todos tiveram de aprender a lidar com o formato online, que por um lado se mostrou bastante eficiente em adiantar um processo de leitura, estudo e pesquisa, aquilo que numa montagem é chamado de trabalho de mesa e neste caso, de torna-la pública com capacidade de atrair o espectador.

 

PROGRAMAÇÃO

Leituras dramáticas

12, 13 e 14 de abril – às 15 e às 19 horas – 

TODA NUDEZ SERÁ CASTIGADA (1965)  – Um dos clássicos do moderno teatro brasileiro. A narrativa moral do texto rodriguiano se mostra cada vez mais uma radiografia profunda e aguda das sombras do brasileiro. O que mais espanta é a absurda contemporaneidade da peça, independente da linguagem e gírias de época. O texto se comunica diretamente com o público atual. Ele parece um texto escrito ontem para os dias de hoje.

Elenco: Jairo Mattos, Lizette Negreiros, Sílvio Restiffe, Miriam Mehler, Ana Medeiros, Almara Mendes, Antoniela Canto, Eduardo Silva, Leonardo Silva, Augusto César, Nilton Bicudo, Riba Carlovich

 

15, 16 e 17 de abril – às 15 e às 19 horas – 

VIÚVA, PORÉM HONESTA (1957) – Peça escrita por Nelson em apenas uma semana, foi uma espécie de vingança contra a crítica teatral que havia destruído seu texto Perdoa-me por me traíres (na peça existia uma cena que denunciava o aborto). Apesar das circunstâncias, é uma farsa irresponsável, verdadeira metralhadora giratória de deboche e escárnio contra as instituições nacionais. A peça sobreviveu e continua mais atual do que nunca.

Elenco: Renato Borghi, Élcio Nogueira, Miriam Mehler, Kiko Marques, Eduardo Silva, Nilton Bicudo, Lucélia Santos, Jairo Mattos, Flávio Pucci, Patrícia Gordo, Leonardo Silva, Crica Rodrigues

Leituras encenadas

18 a 24 de abril – Disponíveis 24 horas para visualização

Perdoa-me por me traíres (1957) —  A nona peça de Nelson, uma tragédia carioca de costumes, estreou no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, em 19 de junho de 1957, com direção de Léo Júsi. Única peça em que Nelson atuou. A peça foi tão aplaudida quanto vaiada. Era um canto à infidelidade, mesmo não pronunciada.  A esse ambiente soma-se o incômodo grotesco: as primas que se interessam pelo prostíbulo, o desejo incestuoso do tio Raul, que criou Glorinha para que fosse sua.

Elenco: Viviane Monteiro, Patrícia Gordo, Ulisses Sakurai, Lizete Negreiros, Eduardo Silva, Valéria Arbex, Mauro Schames, Almara Mendes, Carol Centeno, Maria Clara Haro, Flávia Pucci, Sílvio Restiffe, Leonardo Silva

Álbum de família (1946) — a terceira peça de Nelson ficou proibida durante dezenove anos devido ao alto número de incestos. Jonas, personagem principal, açoita a esposa, Senhorinha, com o amor por meninas de onze a treze anos. A peça foi apresentada pela primeira vez no Teatro Jovem, no Rio de Janeiro, em 1967, com direção de Kleber Santos.

 Elenco: Jairo Matos, Flávia Pucci, Patrícia Gordo, Leonardo Silva, Alex Lanutti, Viviane Monteiro, Maria Clara Haro, Eduardo Silva, Nathalia Lorda

A serpente (1978) — a última peça de Nelson, em ato único, estreou no Teatro do BNH, no Rio de Janeiro, em 1980, com direção de Marcos Flaksman. A peça pode ser tomada como exemplo da concisão que seu teatro foi adquirindo: com menos personagens do que todas as outras, exceto Valsa nº 6. A história se passa na casa onde moram dois casais, cunhados entre si. Um deles faz amor o dia todo; o outro não consegue encontrar prazer, a não ser no adultério do marido com a crioula das ventas triunfais. Vítima desse dissabor, uma irmã oferece à outra uma noite com o marido. O fim é a tragédia resultante dessa improbidade.

Elenco: Nilton Bicudo, Nathalia Lorda, Patrícia Gordo, Sílvio Restiffe, Ana Negrães

O Nelson que quase ninguém leu (contos): A sogra peluda e Obsessão Preta –  Contos de “A Vida Como Ela É” quase inéditos, só publicados e lidos na coluna de a Última Hora, na década de 1950. Os contos retratam dois temas contemporâneos com a maestria da escrita de Nelson Rodrigues, revelando questões de gênero e racismo.

Elenco: Nilton Bicudo, Eduardo Silva, Cláudia Benedetti, Lizete Negreiros

 

26 de abril, às 22 horas – Psicanálise de Botequim – Marco Antonio Braz conversa com Ruy Castr

 

27 de abril, às 22 horas – Aula Magna com Marco Antonio Braz

 

 

No Youtube, no Canal da companhia, link: https://linktr.ee/CiaRepertorioRodriguiana

Classificação etária indicativa: 14 anos

Equipe do Festival:

Direção Geral e Concepção: Marco Antonio Braz. Coordenador de Produção: Bia Gomes e Patricia Gordo. Concepção de Arte e Figurino: Telumi Hellen. Captação de Imagem e Finalização: Vino de Lucia.

Equipe redatora de serviços de programação e de artigos sobre teatro.