Eu amarelo é um espetáculo solo com Cyda Moreno, que apresenta um retrato contundente da catadora de papel que se transformou numa importante escritora negra do século XX, Carolina Maria de Jesus. O espetáculo apresenta um retrato real e profundo de quem vive à marge, na luta peo pão de cada sem perder a fé, a coragem e o sonho que transcende e inspira.

Eu amarelo se baseia no livro Quarto de despejo, best seller da escritora, que vendeu mais de um milhão de exemplares, traduzido em 13 idiomas, para 80 países.Cyda Moreno, dando voz à Carolina, cita que das entranhas de suas múltiplas misérias, e de seus múltiplos talentos; da sua fome de comida, de espaço, de justiça, de igualdade e de democracia, Carolina extraiu poesia e lirismo para fazer ressoar as misérias do povo da favela. Sua voz reflete as inúmeras fomes do nosso povo por espaço, dignidade, reconhecimento, oportunidades e respeito a nossa identidade.

A peça apresenta três momentos cruciais na vida da escritora: sua estadia na favela que resultou nos diários, a ascensão literária que a tornou um fenômeno editorial de vendas e, por último,  o seu esquecimento total. Quarenta anos após a sua morte, o Brasil retorna a olhar para as palavras de Carolina que profetizara: “ninguém vai apagar as palavras que eu escrevi.”

O espetáculo mostra as evidências que o racismo é cíclico e híbrido. Hoje, estamos em outro século. Mas milhares de Carolinas ainda se encontram à margem da sociedade, nas periferias, no sub emprego, debaixo dos viadutos, nos presídios, nos hospícios, e na luta diária para vencer a fome. Por isto, sua voz não se cala. E ela vive.

Eu amarelo tem dramaturgia de Elissandro de Aquino, direção de Isaac Bernat e interpretação de Cyda Moreno. A direção de movimento é de Cátia Costa, o cenário de Sérgio Marimba, o figurino de Margo Margot, a iluminação de Aurélio de Simoni, a trilha sonora de Isaac Bernat, a preparação vocal de Jorge Maya e a produção de Viraqmundo.

Após o fenômeno de vendas da obra de Carolina Maria de Jesus nos anos 60, ela foi relevada no Brasil. Sua literatura só foi redescoberta na década de 90, graças ao pesquisador brasileiro José Carlos Sebe Bom Meihy e ao norte-americano Robert Levine. No exterior, porém, ela nunca deixou de ser lida e estudada, sobretudo nos EUA, onde Quarto de Despejo, traduzido como Child of the Dark, é utilizado nas escolas.

 

13 a 29 de março – TEMPORADA SUSPENSA – , Sextas e Sábados, às 20 horas, Domingos, às 19 horas. Ingressos: contribuição consciente (mínimo sugerido R$ 10,00). Classificação etária indicativa: 12 anos. Duração 50 minutos.

Terreiro Contemporâneo – Rua Carlos de Carvalho, 53, Centro, Rio de Janeiro RJ (próximo à Praça da Cruz Vermelha).