Coletivo Teatro Dança

Como um coletivo artístico consegue sobreviver por mais de três décadas em mercado emergente? Desconstruindo memórias, e décadas de balé, drama, escrita e música, paralelas às constantes buscas das raízes nas tradições, com a pesquisa temática assegurando exaustivos exercícios de buscas e assimilações.

Passando por técnicas diferenciadas que lhe permitiram trilhar um caminho investigativo no conjunto de procedimentos, o Grupo Teatrodança delimita seu campo para como ensinar a se valer do método, pedagogia e criação artística no corpo e na cena. A hipótese que norteia a investigação do Grupo é como um corpo se vale de suas transições e a investigação sempre é baseada em ações físicas e psíquicas que envolvam o artista profundamente.

As experiências acadêmicas no Maranhão começam em 1958 quando Reynaldo Faray, vindo da Escola de Teatro da atriz Dulcina de Moraes, mas são influenciadas por métodos audaciosos e libertários, Isadora Duncan e Rudolf Laban, ou Teatro Arena e Teatro do Oprimido que apresentam na capital, e a profissionalização nos anos 1970 e 1980, com o aparecimento de escolas, estúdios e do Laboratório de Expressões Artísticas, LABORARTE. Os conteúdos, expressões conjuntas no LABORARTE, em particular nos autos populares nordestinos, apreendida pela experiência com o Teatro Ventoforte, múltiplo Ilo Krugli, criações de 1977 até 1980.

No mesmo período, deu-se o encontro com as metodologias somáticas de Angel e KlaussVianna, reconhecimento e organização do corpo, ritmo e contato com o ambiente. Era permitido improvisar e compor sobre as imagens que alimentavam o imaginário popular, no Centro de Pesquisa Corporal Arte e Educação, em 1975. Mais experiências se encontraram dentro da futura diretora e dramaturga, possibilitando metodologias relacionadas à atuação artística no Ateliê de Maria Tereza Vieira, no Instituto Santo André, no Centro de Artes no Méier, abordagens educativas com Piaget e Paulo Freire.

A criação do espetáculo Bicho Solto Buriti Bravo, experimentos com Luiz Carlos Vasconcelos, parceria com Ferreira Gullar e Zeca Baleiro, consolida a dramaturgia teatrodançante, que pela experiência coletiva analisa o método de composição em conjunto com o LUME Teatro, integra worshop com Eugenio Barba e Julia Varley, produz seminário com Hélia Borges, é tutorado pelo Ói Nóis Aqui Traveiz, ética frente ao ofício artístico, respeito às diversidades e limitações, e aproveita valores e saberes, princípios comuns que constituem a antropologia cênica.

As criações, com aromas regionais aproveitam a tradição popular mantendo os pés na atualidade e conceituam a estética das produções artísticas e processos educativos. O corpo é considerado como imperativo de autenticidade e a cena como condição para a discussão dos problemas coletivos no ambiente cultural brasileiro. O processo atual cuida das organicidades do corpo que desmascara a violência contra o sentimento feminino, mazela destrutiva das originalidades e dos sentimentos compassivos, com espetáculos e escritas.

Júlia Emília nasceu, cresceu e escolheu viver em São Luís em meio aos batuques e investigações que as exigências determinam. Tem formação diversificada em sistemas de conscientização corporal e dramaturgias do corpo e da cena, fundamentada nas raízes culturais, mas mantém o foco nas normas cultas. Publicou artigos sobre antropologia cênica e foi selecionada pela FAPEMA (2015) publicando Vivendo Teatrodança, com lançamento performático. Antes, lançou O Baile das Lavandeiras (FUNC, 2006) e Meninos em terras impuras, em formato digital (Livros Ilimitados, 2014). Edital Prêmio Literário, 1º lugar, SECMA (2018), Quitéria & Inês. Criações recentes: Tambow, Meninilha, Ilhadas, Flores, A terra chora, Popotitodó.