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Onde estão as mãos, esta noite – É a história de uma mulher em isolamento, que transita entre o geral do mundo e o particular de sua sala, numa tentativa de compreender seus sentimentos e desejos. Colocando-se como uma representante da espécie humana, ela narra suas atividades cotidianas em busca das provas de que ainda está viva mesmo não estando em contato direto com o mundo e com as pessoas ao redor.
Esta mulher está na sala de casa, o lugar onde aparentemente se esconde de uma ameaça exterior. Desse espaço que deveria representar apenas segurança e pertencimento, ela narra suas atividades cotidianas agora atravessadas pelo silêncio, pela solidão e pela dúvida sobre o que ainda está do lado de fora. O que sobreviverá aos tempos, quando as portas estiverem abertas de novo? Encarando o próprio corpo às vezes como origem e outras vezes como destino incerto, ela ama e estranha a si mesma, refletindo sobre qual tipo de cura nós, humanos, estaríamos buscando, para nos sentirmos de fato livres de novo.
Agindo como uma espécie de antena da humanidade, essa mulher recapitula outros momentos em que a espécie humana precisou se esconder para sobreviver, tendo como único companheiro o cotidiano ordinário, as pequenas atividades que a confirmam viva.
Onde estão as mãos, esta noite foi integralmente concebida durante o período de quarentena, mas é também fruto de um grupo de trabalho conduzido por Moacir Chaves com objetivo de investigar a dramaturgia e a atuação a partir da sonoridade e do corpo, conforme vistos pelo dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett (1906-1989).
O enquadramento parcial da câmera, por vezes “cortando” o corpo da personagem, é assumido na cena como uma janela ineficiente: aquela que permite ver algo, uma parte de alguém e de seus gestos, mas nunca o seu todo. Essa característica parece dizer respeito também ao nosso próprio tempo e à matéria em si da cena: o isolamento, o esconderijo, um assunto para o qual, segundo o diretor Moacir Chaves, “por enquanto, só podemos olhar do ângulo de dentro, o mesmo da incompreensão”.
Direção: Moacir Chaves. Atuação: Karen Coelho. Dramaturgia: Juliana Leite. Técnico de som: Marcello H. Direção de arte: Luiz Wachelke
26 de fevereiro a 21 de março – Sextas-feiras, sábados e domingos, às 20 horas
Temporada gratuita – reservas no email: maosaoteatro@gmail.com
No Zoom (através de link enviado por email mediante reserva antecipada)
Duração: 35 minutos (seguidos de bate-papo da equipe com o público). Classificação indicativa: Livre.