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{"id":100490,"date":"2021-12-31T11:07:36","date_gmt":"2021-12-31T14:07:36","guid":{"rendered":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/?p=100490"},"modified":"2022-06-13T09:14:46","modified_gmt":"2022-06-13T12:14:46","slug":"a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/2021\/12\/31\/a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico\/","title":{"rendered":"A EXPRESS\u00c3O POPULAR DO CONGO CAPIXABA COMO ELEMENTO C\u00caNICO"},"content":{"rendered":"

A express\u00e3o popular do Congo Capixaba como elemento c\u00eanico<\/h3>\n

Carlos Sang\u00e1lia<\/h3>\n

 <\/p>\n

O teatro e a cultura popular, no caso do Congo Capixaba mais especificamente, n\u00e3o est\u00e3o t\u00e3o ligados \u00e0 quest\u00e3o da dramaticidade, mas sim na sua ritualidade. Se buscarmos nos prim\u00f3rdios do teatro, como escreve um grande pensador, o escritor e dramaturgo John Geisner, ele tem sua origem nos tempos das cavernas, sempre servindo como linguagem para express\u00e3o no sentido mais puro, em suas v\u00e1rias formas.<\/h3>\n

Os homens das cavernas sentiram a necessidade dessa express\u00e3o para se comunicar com seus grupos e com seus coletivos. Quando chegavam das ca\u00e7adas, era a linguagem visual a \u00fanica existente, sem a linguagem escrita, sendo importante para criar uma narrativa das ca\u00e7adas, as vit\u00f3rias e as derrotas para o grupo.<\/h3>\n

O teatro surge a\u00ed como um rito e tamb\u00e9m como manifesta\u00e7\u00e3o espiritual, seguindo dessa forma nos rituais da Gr\u00e9cia antiga a Dion\u00edsio e a outras divindades. Eram evoca\u00e7\u00f5es aos deuses da fertiliza\u00e7\u00e3o, que continham j\u00e1 naquela \u00e9poca a quest\u00e3o da carregada de um mastro em determinadas ocasi\u00f5es, at\u00e9 mesmo como representa\u00e7\u00e3o de um falo como s\u00edmbolo da procria\u00e7\u00e3o e da fertilidade. J\u00e1 nesse momento, junto com o teatro propriamente dito, n\u00e3o enquanto arte mas enquanto manifesta\u00e7\u00e3o, essa ritualidade ganhou for\u00e7a representativa.<\/h3>\n

Isso est\u00e1 no Congo tamb\u00e9m. Na Grande Vit\u00f3ria existe a puxada do mastro que leva at\u00e9 um pouco mais de teatralidade, mas no Norte do Esp\u00edrito Santo est\u00e1 mais marcada a sua procura e a sua fincada, com idas ao mato para procurar o mastro escondido um dia antes, o encontro, e a sua pegada e carregada em um clima de transe e euforia, com pessoas balan\u00e7ando flores e chegando em frente \u00e0 Igreja Matriz para a sua levantada.<\/h3>\n

Na Commedia Dell\u2019arte, na Idade M\u00e9dia da Europa, tais pr\u00e1ticas tamb\u00e9m eram refor\u00e7adas, com rituais de representa\u00e7\u00e3o de divindades, uma quest\u00e3o espiritual da cena. Na cultura popular capixaba existem os Foguedos<\/span>, conhecidos como teatro popular, que s\u00e3o dramatiza\u00e7\u00f5es como o Rei de Boi, o Rei de Bicho e o Ticumbi,<\/span> em Ita\u00fanas, mas existe tamb\u00e9m essa outra parte do Congo que, embora n\u00e3o seja Foguedo, \u00e9 mais dan\u00e7a e coreografia, tem na sua ess\u00eancia nos ritos teatrais. N\u00e3o h\u00e1 propriamente uma dramaturgia, mas h\u00e1 mise-en-sc\u00e8nes. Na fincada do mastro que acontecia na Grande Vit\u00f3ria no s\u00e9culo XIX, entre os grupos que faziam a fincada, havia a quest\u00e3o de um roubar o mastro do outro e esconder em outro lugar, dando margem maior a essa teatralidade. Essa era a tradi\u00e7\u00e3o da capital do Estado, que n\u00e3o existe mais tanto, mas que em Reg\u00eancia ainda existe. Um festeiro pega o mastro e esconde, outro vai e o rouba, escondendo em outro lugar, criando a necessidade da procura, que de certa forma \u00e9 uma teatralidade para al\u00e9m do ritual.<\/h3>\n

O teatr\u00f3logo, encenador, dramaturgo e Professor Dr. Cesar Huapaya pesquisou muito sobre o tema e montou no Esp\u00edrito Santo espet\u00e1culos com base nesses signos ritual\u00edsticos de cultura de matriz africana. Atrav\u00e9s de laborat\u00f3rios, levava os atores a um processo de pesquisa integral onde eles entravam involuntariamente nessa entrega espiritual atrav\u00e9s de um ritual e da\u00ed surgiam cenas que se constru\u00edam num teatro envolvendo essas matrizes, como no Congo, africana e ind\u00edgena.<\/h3>\n

Em Reg\u00eancia Augusta especificamente o Congo serviu de produto para a montagem de um auto, teatro propriamente dito enquanto arte, atrav\u00e9s de uma pesquisa com moradores. Foi identificado que a imagem de S\u00e3o Benedito ainda em madeira esculpida como pau oco havia chegado atrav\u00e9s de uma senhora que passou por uma tempestade ao entrar na barra do Rio Doce, fazendo com que ela fizesse uma promessa ao santo, que \u00e9 o padroeiro do Congo e das pessoas que est\u00e3o ligadas a essa espiritualidade congueira. Passando o temporal e tendo ela entrado s\u00e3 e salva, cumpriu a promessa que tinha feito de trazer a imagem para a Igreja.<\/h3>\n

A Companhia das Artes Reg\u00eancia Augusta, criada h\u00e1 30 anos na localidade, foi respons\u00e1vel por um processo de cria\u00e7\u00e3o que montou esse trabalho, pegando tais narrativas e montando o \u201cAuto de S\u00e3o Benedito\u201d, que foi inserido na festa para o santo. A pe\u00e7a come\u00e7a com um arauto contando a hist\u00f3ria de quem foi o S\u00e3o Benedito homem, na It\u00e1lia, e S\u00e3o Benedito santo, e transporta a a\u00e7\u00e3o para uma cena da mulher fazendo a promessa e passando a ser salva do temporal. Em outra cena, ela agradece ao santo, trazendo sua imagem para Reg\u00eancia, para toda a comunidade, que festeja sua chegada. O Congo traz, portanto, essa quest\u00e3o hist\u00f3rica e cultural. Foi uma pe\u00e7a montada com o intuito de unir essa dramaticidade do Congo e as quest\u00f5es sociais e religiosas numa cria\u00e7\u00e3o enquanto linguagem que serviu como produto para o fortalecimento da import\u00e2ncia do Congo enquanto express\u00e3o art\u00edstica e cultural, tamb\u00e9m espiritual nessa ess\u00eancia.<\/h3>\n

A iniciativa envolveu toda a comunidade nesse processo de pesquisa, cria\u00e7\u00e3o, montagem e apresenta\u00e7\u00e3o. At\u00e9 o desastre da lama da barragem de Mariana no Rio Doce a companhia apresentava a pe\u00e7a. Essa e o \u201cAuto do Caboclo Bernardo\u201d e o \u201cAuto de Natal\u201d s\u00e3o as tr\u00eas principais pe\u00e7as que envolvem a quest\u00e3o do Congo, em que o menino de Jesus \u00e9 representado por uma crian\u00e7a da comunidade e os Tr\u00eas Reis Magos s\u00e3o feitos por representantes da folia de reis, numa linguagem para unir manifesta\u00e7\u00e3o religiosa e express\u00e3o teatral enquanto ferramenta de comunica\u00e7\u00e3o, educa\u00e7\u00e3o e fortalecimento cultural para engajamento social, todos atributos que o teatro tem enquanto manifesta\u00e7\u00e3o.<\/h3>\n

Nesse contexto, o Congo tem v\u00e1rios signos teatrais da ritual\u00edstica: desde toda a escondida e busca do mastro, o cortejo, o cortejo com o santo, com a bandeira, e a fincada do mastro. Esse processo de devo\u00e7\u00e3o remete aos prim\u00f3rdios dos rituais dionis\u00edacos, trazendo na m\u00fasica tamb\u00e9m esses elementos que sempre contam hist\u00f3rias envolvendo o mar, o litoral, o amor, a figura da mulher e os santos.<\/h3>\n

\u201cMeu S\u00e3o Benedito<\/h3>\n

Ele vem de Lisboa<\/h3>\n

Com sua bandeira<\/h3>\n

Com sua coroa<\/h3>\n

Minha terra tem palmeiras onde canta o sabi\u00e1<\/h3>\n

Os negros est\u00e3o todos em festa fazendo promessa para os orix\u00e1s<\/h3>\n

Ooooo Ai que saudade da fazenda do senhor<\/h3>\n

N\u00f3s somos de Reg\u00eancia e vamos homenagear<\/h3>\n

O Caboclo Bernardo que \u00e9 l\u00e1 do nosso lugar\u201d<\/h3>\n

S\u00e3o v\u00e1rias as toadas de Congo que, analisando, contam hist\u00f3rias que s\u00e3o ricas, com elementos de teatro que permitem que se transformem as festividades em produtos art\u00edsticos elaborados.<\/h3>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"

A express\u00e3o popular do Congo Capixaba como elemento c\u00eanico Carlos Sang\u00e1lia   O teatro e a cultura popular, no caso do Congo Capixaba mais especificamente, n\u00e3o est\u00e3o t\u00e3o ligados \u00e0 quest\u00e3o da dramaticidade, mas sim na sua ritualidade. Se buscarmos nos prim\u00f3rdios do teatro, como escreve um grande pensador, o escritor e dramaturgo John Geisner, ele tem sua origem nos tempos das cavernas, sempre servindo como linguagem para express\u00e3o no sentido mais puro, em suas v\u00e1rias formas. Os homens das cavernas sentiram a necessidade dessa express\u00e3o para se comunicar com seus grupos e com seus coletivos. Quando chegavam das ca\u00e7adas, era a linguagem visual a \u00fanica existente, sem a linguagem escrita, sendo importante para criar uma narrativa das ca\u00e7adas, as vit\u00f3rias e as derrotas para o grupo. O teatro surge a\u00ed como um rito e tamb\u00e9m como manifesta\u00e7\u00e3o espiritual, seguindo dessa forma nos rituais da Gr\u00e9cia antiga a Dion\u00edsio e a outras divindades. Eram evoca\u00e7\u00f5es aos deuses da fertiliza\u00e7\u00e3o, que continham j\u00e1 naquela \u00e9poca a quest\u00e3o da carregada de um mastro em determinadas ocasi\u00f5es, at\u00e9 mesmo como representa\u00e7\u00e3o de um falo como s\u00edmbolo da procria\u00e7\u00e3o e da fertilidade. J\u00e1 nesse momento, junto com o teatro propriamente dito, n\u00e3o enquanto arte mas enquanto manifesta\u00e7\u00e3o, essa ritualidade ganhou for\u00e7a representativa. Isso est\u00e1 no Congo tamb\u00e9m. Na Grande Vit\u00f3ria existe a puxada do mastro que leva at\u00e9 um pouco mais de teatralidade, mas no Norte do Esp\u00edrito Santo est\u00e1 mais marcada a sua procura e a sua fincada, com idas ao mato para procurar o mastro escondido um dia antes, o encontro, e a sua pegada e carregada em um clima de transe e euforia, com pessoas balan\u00e7ando flores e chegando em frente \u00e0 Igreja Matriz para a sua levantada. Na Commedia Dell\u2019arte, na Idade M\u00e9dia da Europa, tais pr\u00e1ticas tamb\u00e9m eram refor\u00e7adas, com rituais de representa\u00e7\u00e3o de divindades, uma quest\u00e3o espiritual da cena. Na cultura popular capixaba existem os Foguedos, conhecidos como teatro popular, que s\u00e3o dramatiza\u00e7\u00f5es como o Rei de Boi, o Rei de Bicho e o Ticumbi, em Ita\u00fanas, mas existe tamb\u00e9m essa outra parte do Congo que, embora n\u00e3o seja Foguedo, \u00e9 mais dan\u00e7a e coreografia, tem na sua ess\u00eancia nos ritos teatrais. N\u00e3o h\u00e1 propriamente uma dramaturgia, mas h\u00e1 mise-en-sc\u00e8nes. Na fincada do mastro que acontecia na Grande Vit\u00f3ria no s\u00e9culo XIX, entre os grupos que faziam a fincada, havia a quest\u00e3o de um roubar o mastro do outro e esconder em outro lugar, dando margem maior a essa teatralidade. Essa era a tradi\u00e7\u00e3o da capital do Estado, que n\u00e3o existe mais tanto, mas que em Reg\u00eancia ainda existe. Um festeiro pega o mastro e esconde, outro vai e o rouba, escondendo em outro lugar, criando a necessidade da procura, que de certa forma \u00e9 uma teatralidade para al\u00e9m do ritual. O teatr\u00f3logo, encenador, dramaturgo e Professor Dr. Cesar Huapaya pesquisou muito sobre o tema e montou no Esp\u00edrito Santo espet\u00e1culos com base nesses signos ritual\u00edsticos de cultura de matriz africana. Atrav\u00e9s de laborat\u00f3rios, levava os atores a um processo de pesquisa integral onde eles entravam involuntariamente nessa entrega espiritual atrav\u00e9s de um ritual e da\u00ed surgiam cenas que se constru\u00edam num teatro envolvendo essas matrizes, como no Congo, africana e ind\u00edgena. Em Reg\u00eancia Augusta especificamente o Congo serviu de produto para a montagem de um auto, teatro propriamente dito enquanto arte, atrav\u00e9s de uma pesquisa com moradores. Foi identificado que a imagem de S\u00e3o Benedito ainda em madeira esculpida como pau oco havia chegado atrav\u00e9s de uma senhora que passou por uma tempestade ao entrar na barra do Rio Doce, fazendo com que ela fizesse uma promessa ao santo, que \u00e9 o padroeiro do Congo e das pessoas que est\u00e3o ligadas a essa espiritualidade congueira. Passando o temporal e tendo ela entrado s\u00e3 e salva, cumpriu a promessa que tinha feito de trazer a imagem para a Igreja. A Companhia das Artes Reg\u00eancia Augusta, criada h\u00e1 30 anos na localidade, foi respons\u00e1vel por um processo de cria\u00e7\u00e3o que montou esse trabalho, pegando tais narrativas e montando o \u201cAuto de S\u00e3o Benedito\u201d, que foi inserido na festa para o santo. A pe\u00e7a come\u00e7a com um arauto contando a hist\u00f3ria de quem foi o S\u00e3o Benedito homem, na It\u00e1lia, e S\u00e3o Benedito santo, e transporta a a\u00e7\u00e3o para uma cena da mulher fazendo a promessa e passando a ser salva do temporal. Em outra cena, ela agradece ao santo, trazendo sua imagem para Reg\u00eancia, para toda a comunidade, que festeja sua chegada. O Congo traz, portanto, essa quest\u00e3o hist\u00f3rica e cultural. Foi uma pe\u00e7a montada com o intuito de unir essa dramaticidade do Congo e as quest\u00f5es sociais e religiosas numa cria\u00e7\u00e3o enquanto linguagem que serviu como produto para o fortalecimento da import\u00e2ncia do Congo enquanto express\u00e3o art\u00edstica e cultural, tamb\u00e9m espiritual nessa ess\u00eancia. A iniciativa envolveu toda a comunidade nesse processo de pesquisa, cria\u00e7\u00e3o, montagem e apresenta\u00e7\u00e3o. At\u00e9 o desastre da lama da barragem de Mariana no Rio Doce a companhia apresentava a pe\u00e7a. Essa e o \u201cAuto do Caboclo Bernardo\u201d e o \u201cAuto de Natal\u201d s\u00e3o as tr\u00eas principais pe\u00e7as que envolvem a quest\u00e3o do Congo, em que o menino de Jesus \u00e9 representado por uma crian\u00e7a da comunidade e os Tr\u00eas Reis Magos s\u00e3o feitos por representantes da folia de reis, numa linguagem para unir manifesta\u00e7\u00e3o religiosa e express\u00e3o teatral enquanto ferramenta de comunica\u00e7\u00e3o, educa\u00e7\u00e3o e fortalecimento cultural para engajamento social, todos atributos que o teatro tem enquanto manifesta\u00e7\u00e3o. Nesse contexto, o Congo tem v\u00e1rios signos teatrais da ritual\u00edstica: desde toda a escondida e busca do mastro, o cortejo, o cortejo com o santo, com a bandeira, e a fincada do mastro. Esse processo de devo\u00e7\u00e3o remete aos prim\u00f3rdios dos rituais dionis\u00edacos, trazendo na m\u00fasica tamb\u00e9m esses elementos que sempre contam hist\u00f3rias envolvendo o mar, o litoral, o amor, a figura da mulher e os santos. \u201cMeu S\u00e3o Benedito Ele vem de Lisboa Com sua bandeira Com sua coroa Minha terra tem palmeiras onde canta o sabi\u00e1 Os negros est\u00e3o todos em festa fazendo promessa para os orix\u00e1s Ooooo Ai que saudade da fazenda do senhor N\u00f3s somos de Reg\u00eancia e vamos homenagear O Caboclo Bernardo que \u00e9 l\u00e1 do nosso lugar\u201d S\u00e3o v\u00e1rias as toadas de Congo que, analisando, contam hist\u00f3rias que s\u00e3o ricas, com elementos de teatro que permitem que se transformem as festividades em produtos art\u00edsticos elaborados.<\/p>\n","protected":false},"author":38,"featured_media":100491,"comment_status":"closed","ping_status":"open","sticky":false,"template":"","format":"standard","meta":{"_acf_changed":false,"footnotes":""},"categories":[102,1603,686],"tags":[],"acf":[],"yoast_head":"\nA EXPRESS\u00c3O POPULAR DO CONGO CAPIXABA COMO ELEMENTO C\u00caNICO - Teatro Hoje<\/title>\n<meta name=\"robots\" content=\"index, follow, max-snippet:-1, max-image-preview:large, max-video-preview:-1\" \/>\n<link rel=\"canonical\" href=\"https:\/\/teatrohoje.com.br\/2021\/12\/31\/a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico\/\" \/>\n<meta property=\"og:locale\" content=\"pt_BR\" \/>\n<meta property=\"og:type\" content=\"article\" \/>\n<meta property=\"og:title\" content=\"A EXPRESS\u00c3O POPULAR DO CONGO CAPIXABA COMO ELEMENTO C\u00caNICO - Teatro Hoje\" \/>\n<meta property=\"og:description\" content=\"A express\u00e3o popular do Congo Capixaba como elemento c\u00eanico Carlos Sang\u00e1lia   O teatro e a cultura popular, no caso do Congo Capixaba mais especificamente, n\u00e3o est\u00e3o t\u00e3o ligados \u00e0 quest\u00e3o da dramaticidade, mas sim na sua ritualidade. Se buscarmos nos prim\u00f3rdios do teatro, como escreve um grande pensador, o escritor e dramaturgo John Geisner, ele tem sua origem nos tempos das cavernas, sempre servindo como linguagem para express\u00e3o no sentido mais puro, em suas v\u00e1rias formas. Os homens das cavernas sentiram a necessidade dessa express\u00e3o para se comunicar com seus grupos e com seus coletivos. Quando chegavam das ca\u00e7adas, era a linguagem visual a \u00fanica existente, sem a linguagem escrita, sendo importante para criar uma narrativa das ca\u00e7adas, as vit\u00f3rias e as derrotas para o grupo. O teatro surge a\u00ed como um rito e tamb\u00e9m como manifesta\u00e7\u00e3o espiritual, seguindo dessa forma nos rituais da Gr\u00e9cia antiga a Dion\u00edsio e a outras divindades. Eram evoca\u00e7\u00f5es aos deuses da fertiliza\u00e7\u00e3o, que continham j\u00e1 naquela \u00e9poca a quest\u00e3o da carregada de um mastro em determinadas ocasi\u00f5es, at\u00e9 mesmo como representa\u00e7\u00e3o de um falo como s\u00edmbolo da procria\u00e7\u00e3o e da fertilidade. J\u00e1 nesse momento, junto com o teatro propriamente dito, n\u00e3o enquanto arte mas enquanto manifesta\u00e7\u00e3o, essa ritualidade ganhou for\u00e7a representativa. Isso est\u00e1 no Congo tamb\u00e9m. Na Grande Vit\u00f3ria existe a puxada do mastro que leva at\u00e9 um pouco mais de teatralidade, mas no Norte do Esp\u00edrito Santo est\u00e1 mais marcada a sua procura e a sua fincada, com idas ao mato para procurar o mastro escondido um dia antes, o encontro, e a sua pegada e carregada em um clima de transe e euforia, com pessoas balan\u00e7ando flores e chegando em frente \u00e0 Igreja Matriz para a sua levantada. Na Commedia Dell\u2019arte, na Idade M\u00e9dia da Europa, tais pr\u00e1ticas tamb\u00e9m eram refor\u00e7adas, com rituais de representa\u00e7\u00e3o de divindades, uma quest\u00e3o espiritual da cena. Na cultura popular capixaba existem os Foguedos, conhecidos como teatro popular, que s\u00e3o dramatiza\u00e7\u00f5es como o Rei de Boi, o Rei de Bicho e o Ticumbi, em Ita\u00fanas, mas existe tamb\u00e9m essa outra parte do Congo que, embora n\u00e3o seja Foguedo, \u00e9 mais dan\u00e7a e coreografia, tem na sua ess\u00eancia nos ritos teatrais. N\u00e3o h\u00e1 propriamente uma dramaturgia, mas h\u00e1 mise-en-sc\u00e8nes. Na fincada do mastro que acontecia na Grande Vit\u00f3ria no s\u00e9culo XIX, entre os grupos que faziam a fincada, havia a quest\u00e3o de um roubar o mastro do outro e esconder em outro lugar, dando margem maior a essa teatralidade. Essa era a tradi\u00e7\u00e3o da capital do Estado, que n\u00e3o existe mais tanto, mas que em Reg\u00eancia ainda existe. 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Foi identificado que a imagem de S\u00e3o Benedito ainda em madeira esculpida como pau oco havia chegado atrav\u00e9s de uma senhora que passou por uma tempestade ao entrar na barra do Rio Doce, fazendo com que ela fizesse uma promessa ao santo, que \u00e9 o padroeiro do Congo e das pessoas que est\u00e3o ligadas a essa espiritualidade congueira. Passando o temporal e tendo ela entrado s\u00e3 e salva, cumpriu a promessa que tinha feito de trazer a imagem para a Igreja. A Companhia das Artes Reg\u00eancia Augusta, criada h\u00e1 30 anos na localidade, foi respons\u00e1vel por um processo de cria\u00e7\u00e3o que montou esse trabalho, pegando tais narrativas e montando o \u201cAuto de S\u00e3o Benedito\u201d, que foi inserido na festa para o santo. 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Essa e o \u201cAuto do Caboclo Bernardo\u201d e o \u201cAuto de Natal\u201d s\u00e3o as tr\u00eas principais pe\u00e7as que envolvem a quest\u00e3o do Congo, em que o menino de Jesus \u00e9 representado por uma crian\u00e7a da comunidade e os Tr\u00eas Reis Magos s\u00e3o feitos por representantes da folia de reis, numa linguagem para unir manifesta\u00e7\u00e3o religiosa e express\u00e3o teatral enquanto ferramenta de comunica\u00e7\u00e3o, educa\u00e7\u00e3o e fortalecimento cultural para engajamento social, todos atributos que o teatro tem enquanto manifesta\u00e7\u00e3o. Nesse contexto, o Congo tem v\u00e1rios signos teatrais da ritual\u00edstica: desde toda a escondida e busca do mastro, o cortejo, o cortejo com o santo, com a bandeira, e a fincada do mastro. 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Foi identificado que a imagem de S\u00e3o Benedito ainda em madeira esculpida como pau oco havia chegado atrav\u00e9s de uma senhora que passou por uma tempestade ao entrar na barra do Rio Doce, fazendo com que ela fizesse uma promessa ao santo, que \u00e9 o padroeiro do Congo e das pessoas que est\u00e3o ligadas a essa espiritualidade congueira. Passando o temporal e tendo ela entrado s\u00e3 e salva, cumpriu a promessa que tinha feito de trazer a imagem para a Igreja. A Companhia das Artes Reg\u00eancia Augusta, criada h\u00e1 30 anos na localidade, foi respons\u00e1vel por um processo de cria\u00e7\u00e3o que montou esse trabalho, pegando tais narrativas e montando o \u201cAuto de S\u00e3o Benedito\u201d, que foi inserido na festa para o santo. 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Esse processo de devo\u00e7\u00e3o remete aos prim\u00f3rdios dos rituais dionis\u00edacos, trazendo na m\u00fasica tamb\u00e9m esses elementos que sempre contam hist\u00f3rias envolvendo o mar, o litoral, o amor, a figura da mulher e os santos. \u201cMeu S\u00e3o Benedito Ele vem de Lisboa Com sua bandeira Com sua coroa Minha terra tem palmeiras onde canta o sabi\u00e1 Os negros est\u00e3o todos em festa fazendo promessa para os orix\u00e1s Ooooo Ai que saudade da fazenda do senhor N\u00f3s somos de Reg\u00eancia e vamos homenagear O Caboclo Bernardo que \u00e9 l\u00e1 do nosso lugar\u201d S\u00e3o v\u00e1rias as toadas de Congo que, analisando, contam hist\u00f3rias que s\u00e3o ricas, com elementos de teatro que permitem que se transformem as festividades em produtos art\u00edsticos elaborados.","og_url":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/2021\/12\/31\/a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico\/","og_site_name":"Teatro Hoje","article_publisher":"https:\/\/www.facebook.com\/TeatroHoje\/","article_published_time":"2021-12-31T14:07:36+00:00","article_modified_time":"2022-06-13T12:14:46+00:00","og_image":[{"width":350,"height":234,"url":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/wp-content\/uploads\/2021\/12\/CONGO-CAPIXABA.jpg","type":"image\/jpeg"}],"author":"Carlos Sang\u00e1lia","twitter_card":"summary_large_image","twitter_misc":{"Escrito por":"Carlos Sang\u00e1lia","Est. tempo de leitura":"6 minutos"},"schema":{"@context":"https:\/\/schema.org","@graph":[{"@type":"WebPage","@id":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/2021\/12\/31\/a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico\/","url":"https:\/\/teatrohoje.com.br\/2021\/12\/31\/a-expressao-popular-do-congo-capixaba-como-elemento-cenico\/","name":"A EXPRESS\u00c3O POPULAR DO CONGO CAPIXABA COMO ELEMENTO C\u00caNICO - 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