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Patética – Escrito em 1976, a peça reflete sobre as circunstâncias e o assassinato do jornalista e dramaturgo Vladimir Herzog (1937-1975), morto nos porões do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna), em outubro de 1975. O texto foi escrito um ano depois do seu falecimento, por seu cunhado e, também dramaturgo, João Ribeiro Chaves Neto.

A montagem usa o metateatro para mostrar uma trupe de artistas circenses que apresenta pela primeira e última vez a história da personagem Glauco Horowitz. A peça conta a vida de Herzog desde a imigração dos pais para o Brasil, passando pela militância, prisão, depoimentos no DOI-Codi, até a morte e a luta da família para provar que ele não cometeu suicídio, mas foi assassinado. Ao discutir a censura, a própria peça é proibida e o circo é fechado.

Na noite do dia 24 de outubro de 1975, o jornalista apresentou-se na sede do DOI-Codi, em São Paulo, para prestar esclarecimentos sobre suas ligações com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). No dia seguinte, foi morto aos 38 anos. Segundo a versão oficial, ele teria se enforcado com o cinto do macacão de presidiário. Porém, de acordo com os testemunhos de jornalistas presos na mesma época, Vladimir foi assassinado sob torturas. A morte de Herzog foi um marco na ditadura militar (1964-1985). O triste episódio paralisou as redações de todos os jornais, rádios, televisões e revistas de São Paulo.

Além de se constituir numa denúncia da tortura no Brasil, a peça dialoga com questões estéticas da dramaturgia contemporânea. Teve uma trajetória conturbada durante a ditadura militar: o texto foi premiado, a premiação foi suspensa, foi confiscado, depois vetado, só liberado em 1979, e não pôde usufruir dos prêmios (do valor em dinheiro, da montagem do espetáculo nem da publicação do texto).

A Cia Estável inseriu parte da obra no espetáculo Flávio Império, Uma Celebração da Vida (montagem de 2002, com direção de Renata Zhaneta) por ter sido um espetáculo para o qual Flávio Império fez os cenários e figurinos da montagem dirigida por Celso Nunes, em 1980. Na época, marcou o retorno do cenógrafo após muitos anos afastado das criações teatrais.

Patética converge com a pesquisa estética e o posicionamento politico da Companhia Estável, desde as relações do modo de organização circense até os processos vivenciados pela modificação do espaço urbano ocasionados por interesses políticos. O primeiro projeto do grupo, Amigos Da Multidão, foi realizado no Teatro Flávio Império em Cangaíba, zona leste de São Paulo, onde a trupe desenvolveu uma programação diária com oficinas, espetáculos artísticos, saraus e apresentações de peças de seu repertório. Também nesse projeto nasceu o espetáculo O Auto Do Circo (2004), de Luis Alberto de Abreu e direção de Renata Zhaneta.

Texto: João Ribeiro Chaves Neto. Direção: Nei Gomes. 
Adaptação da dramaturgia: Daniela Giampietro. Elenco: Osvaldo Pinheiro, Paula Cortezia, Sergio Zanck, Miriele Alvarenga e Juliana Liegel. Cenografia: Luis Rossi. Figurino e adereços: Marcela Donato.
 Assistente de figurino: Marita Prado. Preparação Musical: Reinaldo Sanches.
Preparação Corporal: Ana Paula Perche e Carlos Sugawara.
Sonoplastia: Rogério Passos. Maquiagem: Ana Luisa Icó.
Iluminação: Erike Busoni.
Operação técnica: Zeca Volga. Produção: Maria Carolina Dressler e Nei Gomes. Registro e produção multimídia: Jonatas Marques. Orientação Audiovisual: Luiz Cruz. Assessoria de imprensa: Adriana Balsanelli.

A versão digital da peça faz parte da segunda edição do Festival São Paulo Sem Censura promovido pela Prefeitura de São Paulo.

5 de junho, sábado, às 20 horas...
Gratuito
Link:.https://www.youtube.com/watch?v=e6Mc_RiZ-e4