Brasileirices – Com coreografia e direção artística de Ana Lúcia Silva, o espetáculo da Cia. Livre de Dança da Rocinha passa pela dança, canto, folclore e ritmos característicos da dança afro brasileira, como cafezal, lundu e batuque, para contar a história de um jovem que descobre que nasceu no dia que a Lei do Ventre Livre foi promulgada, mas que passou a vida inteira como escravo. Com percussão ao vivo do mestre Alexandre Pires e de Kayo Ventura, “Brasileirices” retrata o período de escravidão e da formação da história do país pelo olhar do negro.
Em cena estão os bailarinos Yara Silva, Gleyce Lima, Junior Andrade, Mayara Arruda, Ana Gregório e Canela Monteiro, estes dois últimos selecionados em audição realizada em janeiro passado na Cia Livre de Dança. Contemplado com o prêmio Territórios Culturais, “Brasileirices” estreou em 2016 no Quilombo Fazenda Machadinha, em Quissamã, no Norte Fluminense.
Para Ana Lúcia da Silva, apresentar “Brasileirices” em 13 de maio provoca muitas reflexões. “Nessa data, em 1888, foi promulgada a lei Áurea que, juridicamente, acabaria com a escravidão no Brasil. Apesar de ter seu valor histórico, essa data tende a ser vista de uma maneira romanceada. Não podemos deixar de reconhecer que a abolição não resolveu questões essenciais acerca da inclusão dos negros libertos na sociedade brasileira, que reflete diretamente na desigualdade e no racismo estrutural dos dias de hoje. O espetáculo é sobre isso”, reflete.
Nascida e criada na Rocinha, Ana Lúcia Silva está à frente da Cia Livre de Dança, escola e Ponto de Cultura que criou na comunidade em 1999. Ela desenvolve uma série de produtos sociais com o objetivo de lecionar danças para crianças e jovens da comunidade. Há mais de dez anos, ela se dedica à pesquisa sobre dança Afro Brasileira, tendo participado de diversos eventos e festivais em Buenos Aires, Nova York, Disney e Joinville. Seu trabalho afro brasileiro é baseado na Escola de Mercedes Baptista, que foi a primeira bailarina negra a integrar o corpo de baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro e que sistematizou a dança negra por meio da técnica, valorizando tanto a dança da senzala quanto a parte acadêmica. Graduada em Licenciatura Plena em Dança pela Universidade Cândido Mendes e pós-graduanda em Psicomotricidade Clínica e Relacional, curso que começou durante a pandemia do novo coronavírus, ela acredita na dança como veículo transformador, e por isso a importância de sempre estudar. Valorizando sempre suas origens, Ana Lúcia tem orgulho de ter representado a Rocinha em eventos nacionais e internacionais, como também ter sua biografia apresentada em uma exposição para mulheres negras nos Estados Unidos.
Coreografia, produção, figurinos e direção artística: Ana Lúcia Silva. Bailarinos: Yara Silva, Gleyce Lima, Junior Andrade, Mayara Arruda, Ana Gregorio e Canela Monteiro. Percussionistas: Alexandre Pires e Kayo Ventura. Filmagem: Jhuan Martins. Realização: Cia Livre de Dança
13 e 15 de maio – Quinta-feira e sábado, às 18 horas
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Classificação etária: livre. Duração: 30 minutos.